ANIVERSÁRIO SEM FESTA
Rodolfo Juarez
Nenhum
lembretezinho, nenhuma faixa, nenhuma providência foi tomada para que ficasse
marcado o aniversário de sete anos da inauguração do Lugar Bonito, uma espécie
de orgulho da população do Amapá, que, infelizmente, é desconsiderado pelas
autoridades que teriam obrigação de interpretar o que a população quer.
Nenhuma
lembrança, nenhuma referência sobre o “lugar bonito” que mudou o modo de pensar
do morador de Macapá e de todo o Estado sobre a própria cidade, tão maltratada,
mas que tem a compensação da natureza que despeja um permanente vento sobre as
pessoas que viram e aplaudiram a decisão de construir a praça e o resultado
final que veio com a conclusão da execução do projeto.
Nenhuma
citação mesmo.
Nada,
sobre o fechamento de um ciclo de 7 anos do “lugar bonito” da parte dos que
lidam com o interesse público, mesmo assim o povo, seu fiel usuário, estava lá,
representado por uma leque de todas as classes sociais, fazendo do lugar o
espaço mais democrático da cidade e onde todos se encontram.
Basta
prestar a atenção que dá para perceber os frequentadores, fazendo as mais
diversas atividades, desde aqueles com seus iPads, smartphone, tomando água de
coco, calçando tênis importado e chegando com seus carros do ano, até aqueles
com suas batatas-fritas, correndo descalços e vindo de buzão dos bairros mais
afastados da orla, todos se respeitando e alguns lamentando as condições as
deixaram o lugar bonito chegar.
O capim
brabo tomou conta do lugar onde havia grama e está alto e deixando coceiras nas
pernas desprotegidas das crianças que, no dia do aniversário do “lugar bonito”
seguravam as linhas tesas que tinham na outra ponta um pita, um papagaio, uma
rabiola, ou uma cangula, chamados assim pelos donos conforme a origem do
próprio dono, mostrando que naquele local todos do povo se encontram.
Segunda-feira,
o dia do aniversário, parecia que o local estava mais alegre. Seis horas da
tarde as ondas do rio já começavam a molhar a mureta, dando um toque a mais no
grande “bolo” de concreto que cerca toda a orla e serve de banco para aqueles
que gostam de sentir o ar no rosto pelo seu movimento – o vento.
Não há
de faltar oportunidade, senhor “Lugar Bonito”, para que pessoas responsáveis
resolvam interpretar as necessidades daqueles que gostam de ti – a população.
Eles não
sabem o erro que estão cometendo, pois, mesmo assim, com os tubos de ferro
enferrujados, com as calçadas maltratadas, com a grama desaparecendo, com a
terra exposta, mesmo assim, aqueles que gostam, gostam e, apesar desses
diplomados nas eleições não gostarem de ti, esse povo humilde gosta.
No dia
10 de junho, certamente, comemorações aconteceram por ai, nos sítios fora da
cidade, nas casas de luxo, aquelas com piscina de espelhos, os casarões que
ocupam 3, 4 ou 5 terrenos e que foram construídos de forma misteriosa, com
dinheiro que ninguém sabe de onde veio mas, conquistado em espaços de tempo
sempre igual ao espaço de mandatos.
Hoje tem
muito mais vendedores de batata frita de que em qualquer outro tempo, mas
também tem muito mais gente de que em qualquer outro tempo.
Acho que
muita gente ainda lembra-se da festa de inauguração.
Foram
tantos fogos, mas tantos fogos, tanta música, mas tanta música, tanta
propaganda, mas tanta propaganda, que acho que até hoje tu, “lugar bonito”,
ainda não esquecestes.
Não te
iludistes, temos certeza, a festa não era para ti. Era para eles!
Já
percebestes agora?
Mas é
assim mesmo. Um dia, logo depois de uma eleição, haverá de ser diplomado um
cara que entenda o povo e leve em consideração o que o povo gosta.
Nesse
dia, então, serás recuperado, ganharás a majestade e atrairás mais gente
humilde, mais pessoas que gostam ti, e, quem sabe, entre esses não estará um,
pelo menos um, com diploma conquistado numa das eleições.
Alguns
desses que tem o diploma agora, até que merece uma segunda chance, mas a imensa
maioria, não merece mais nenhuma chance e deles, não demora, tu, “lugar
bonito”, estarás livre para sempre.
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