É TARDE PARA
APOSTAR NA MEMÓRIA CURTA
Rodolfo Juarez
A reunião com os governadores e
governadoras de estado e do Distrito Federal, mais os prefeitos e prefeitas das
capitais, convocada pela presidente Dilma Rousseff, e realizada na Presidência
da República, em Brasília, mostra a delicadeza do momento por qual está
passando a população brasileira e os seus dirigentes.
A presidente compreendeu que a população
quer respostas rápidas e encerrar o período de enrolação que, por vontade
sabe-se lá de quem, se tornou marca registrada do serviço público no Brasil.
A população dá a impressão que cansou de
esperar pelas iniciativas sempre prometidas e que, jamais vieram, todas as
vezes que uma questão importante era levantada e que os governantes diziam
ouvir e prestar atenção.
Ser apenas massa de manobra acabou
cansando a todos e a população viu-se representada pelos jovens que resolveram
assumir o papel de protagonista depois de muito tempo sendo coadjuvante e
referência em justificativas de planos sociais.
Mesmo assim os tempos ainda não são
outros. As modificações só começam a acontecer depois de muita insistência e os
jovens estão sabendo disso, não agora, desde muito já tinham essa consciência,
tanto que, quando resolveram agir, já tinha todo o conhecimento à disposição e,
até, o discurso, mesmo sem ensaio, perfeito para ser dito por milhares de
pessoas.
Bastou uma mexida na espinha dorsal
social para que os governantes sentissem o tamanho de débito que acumularam com
a sociedade.
A proposta de pacto apresentada pela
presidente Dilma Rousseff é a resposta que encontrou para dar aos que estão nas
ruas, gritando palavra de ordem e cantando o Hino Nacional. Não que sejam
aquelas respostas, as que a sociedade esperava ou queria ouvir, mas são respostas
encontradas neste momento difícil da vida nacional, em um cenários em que os
detentores do poder vêm-se na iminência de perder os postos ou a condição de
mantê-los, devido a nova definição
popular que está se moldando para um dirigente.
Qualquer um dos temas que titulou os
pactos propostos cabe perfeitamente na discussão em qualquer tempo, mas que
seja uma discussão atual, profunda e objetiva.
Responsabilidade fiscal e controle da inflação; Plebiscito para formação
de uma constituinte sobre reforma política; Saúde; Educação; e Transportes
constituem o grupo dos cinco pactos propostos pela presidente e que, de
imediato, foram analisados pela sociedade, através dos seus interlocutores,
independentemente dos dirigentes - presidente, governadores e prefeitos - que
estiveram na reunião e saíram dizendo que concordaram com os cinco pontos.
A resposta das ruas também foi imediata: os manifestantes não gostaram e
declararam isso para a nação!
É esperado que o detalhamento de cada uma das propostas, chamadas de
pacto, traga outros dados com as informações suficientes para torna-las
compreensíveis e em conformidade com o que vem sendo pedido a partir dos
movimentos realizados nas ruas e nas praças das cidades brasileiras.
Os cinco pontos precisam ser detalhados para os próprios governadores e
prefeitos possam declarar a sua adesão com confiança. Sabem, por outro lado,
que a parte pesada da execução ficará sob a responsabilidade dos dirigentes dos
estados e dos municípios, com a presidente e os seus ministros, mantendo-se
afastados da população.
Não é tarde para agir com responsabilidade, competência e seriedade; mas
é muito tarde para continuar apostando na memória curta do povo.
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