sexta-feira, 28 de junho de 2013

É tarde para apostar na memória curta

É TARDE PARA APOSTAR NA MEMÓRIA CURTA
Rodolfo Juarez
A reunião com os governadores e governadoras de estado e do Distrito Federal, mais os prefeitos e prefeitas das capitais, convocada pela presidente Dilma Rousseff, e realizada na Presidência da República, em Brasília, mostra a delicadeza do momento por qual está passando a população brasileira e os seus dirigentes.
A presidente compreendeu que a população quer respostas rápidas e encerrar o período de enrolação que, por vontade sabe-se lá de quem, se tornou marca registrada do serviço público no Brasil.
A população dá a impressão que cansou de esperar pelas iniciativas sempre prometidas e que, jamais vieram, todas as vezes que uma questão importante era levantada e que os governantes diziam ouvir e prestar atenção.
Ser apenas massa de manobra acabou cansando a todos e a população viu-se representada pelos jovens que resolveram assumir o papel de protagonista depois de muito tempo sendo coadjuvante e referência em justificativas de planos sociais.
Mesmo assim os tempos ainda não são outros. As modificações só começam a acontecer depois de muita insistência e os jovens estão sabendo disso, não agora, desde muito já tinham essa consciência, tanto que, quando resolveram agir, já tinha todo o conhecimento à disposição e, até, o discurso, mesmo sem ensaio, perfeito para ser dito por milhares de pessoas.
Bastou uma mexida na espinha dorsal social para que os governantes sentissem o tamanho de débito que acumularam com a sociedade.
A proposta de pacto apresentada pela presidente Dilma Rousseff é a resposta que encontrou para dar aos que estão nas ruas, gritando palavra de ordem e cantando o Hino Nacional. Não que sejam aquelas respostas, as que a sociedade esperava ou queria ouvir, mas são respostas encontradas neste momento difícil da vida nacional, em um cenários em que os detentores do poder vêm-se na iminência de perder os postos ou a condição de mantê-los,  devido a nova definição popular que está se moldando para um dirigente.
Qualquer um dos temas que titulou os pactos propostos cabe perfeitamente na discussão em qualquer tempo, mas que seja uma discussão atual, profunda e objetiva.
Responsabilidade fiscal e controle da inflação; Plebiscito para formação de uma constituinte sobre reforma política; Saúde; Educação; e Transportes constituem o grupo dos cinco pactos propostos pela presidente e que, de imediato, foram analisados pela sociedade, através dos seus interlocutores, independentemente dos dirigentes - presidente, governadores e prefeitos - que estiveram na reunião e saíram dizendo que concordaram com os cinco pontos.
A resposta das ruas também foi imediata: os manifestantes não gostaram e declararam isso para a nação!
É esperado que o detalhamento de cada uma das propostas, chamadas de pacto, traga outros dados com as informações suficientes para torna-las compreensíveis e em conformidade com o que vem sendo pedido a partir dos movimentos realizados nas ruas e nas praças das cidades brasileiras.
Os cinco pontos precisam ser detalhados para os próprios governadores e prefeitos possam declarar a sua adesão com confiança. Sabem, por outro lado, que a parte pesada da execução ficará sob a responsabilidade dos dirigentes dos estados e dos municípios, com a presidente e os seus ministros, mantendo-se afastados da população.

Não é tarde para agir com responsabilidade, competência e seriedade; mas é muito tarde para continuar apostando na memória curta do povo. 

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