Rodolfo Juarez
Os brasileiros ainda estão surpresos com os
seus jovens filhos que resolveram usar as redes sociais para exercer a força
que tem um país com uma população do tamanho que tem o Brasil.
Surpresos, mas também orgulhosos pela posição
tomada no sentido de encontrar uma resposta para os próprios pais, que quanto
mais trabalham, têm mais dificuldades para enfrentar às necessidades do dia a
dia.
Transporte, educação, saúde, segurança entre
importantes setores que foram entregues para serem administrados conforme as
regras democráticas, não conseguem atender, às necessidades básicas da
população.
Apesar de ter sido a gota d’água e o grito de
“não me faça de besta”, seguramente não é aquele que acumula maior número de
reclamações, mesmo assim se constituiu no fator decisivo, considerando a
maneira repetitiva usada para mudar a tarifa, sem o respeito àqueles que são os
usuários e que deveriam ser o foco de todos especialmente: concessionários e
concedentes.
A educação, maltratada como está, apesar dos
discursos oficiais, foi um dos setores mais prejudicados nos primeiros anos
desse século devido ao abandono que o Plano Nacional para o Desenvolvimento da
Educação foi relegado. Depois de ver vencido o prazo para a sua implantação e
apresentação dos resultados, sem qualquer explicação as autoridades do
Ministério da Educação adiaram por 10 anos o plano e passando as metas que
deveriam ser atingidas até o ano passado, para serem atingidos no ano de 2022.
O Sistema Único de Saúde, considerado um dos
mais evoluídos do mundo, justamente por prever o atendimento universalizado com
prioridade para os mais pobres, não consegue alcançar a eficiência com aqueles
que mais precisam, gerando reclamações que se transformam em desespero,
conforme a necessidade ou a ocasião.
Sem explicar os motivos que provocam tantos
elogios no exterior e tantas reclamações dentro do país, os gestores se agarram
em desculpas e não explicam as razões.
A sensação de insegurança vivida pela
população brasileira, resultado de registros policiais e de cenas urbanas, onde
o assassinado de crianças, jovens e adultos virou rotina no noticiário
especializado e um desafio para as autoridades que não conseguem explicações e,
no máximo, trocam os responsáveis pela segurança das pessoas, sem as mudanças
necessárias que exige o processo.
Por tudo isso a gestão dos brasileiros não
está suportando as comparações e se deixando abater pela falta de resposta que
a população exige.
Sem respostas a insatisfação aumenta, a desconfiança
cresce e há o abatimento natural da capacidade executiva das pessoas.
De que vale dispor de tantas chances se
nenhuma delas alcança os resultados esperados?
Os jovens perceberam que os problemas são
comuns a todos, independentemente do grupo social que possa estar pertencendo e
notaram que a rua é o local de onde podem gritar para ser ouvidos, cantar para
serem percebidos e caminhar para serem notados.
A partir dai as ruas de todas as grandes e
médias cidades passaram a ser a catapulta das reivindicações de cada jovem que,
em nome das famílias, declaravam a insatisfação atual e a precária
possibilidade futura de alguma coisa mudar.
A ocupação das ruas de Macapá no dia 19 de
junho, quarta-feira desta semana, foi a demonstração de que, também aqui as
pessoas estão insatisfeitas e que precisavam dizer isso e disseram em alto e
bom som, exibindo cartazes e pintando a cara, algumas ainda muito jovens e
outras nem tanto.
Não fosse a infiltração dos baderneiros e o
descostume das forças de segurança as conquistas seriam pela força da
inteligência e nem seriam prejudicadas pela burrice da força dos punhos ou dos
dedos.
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