segunda-feira, 24 de junho de 2013

Retrato social

Rodolfo Juarez
Os brasileiros ainda estão surpresos com os seus jovens filhos que resolveram usar as redes sociais para exercer a força que tem um país com uma população do tamanho que tem o Brasil.
Surpresos, mas também orgulhosos pela posição tomada no sentido de encontrar uma resposta para os próprios pais, que quanto mais trabalham, têm mais dificuldades para enfrentar às necessidades do dia a dia.
Transporte, educação, saúde, segurança entre importantes setores que foram entregues para serem administrados conforme as regras democráticas, não conseguem atender, às necessidades básicas da população.
Apesar de ter sido a gota d’água e o grito de “não me faça de besta”, seguramente não é aquele que acumula maior número de reclamações, mesmo assim se constituiu no fator decisivo, considerando a maneira repetitiva usada para mudar a tarifa, sem o respeito àqueles que são os usuários e que deveriam ser o foco de todos especialmente: concessionários e concedentes.
A educação, maltratada como está, apesar dos discursos oficiais, foi um dos setores mais prejudicados nos primeiros anos desse século devido ao abandono que o Plano Nacional para o Desenvolvimento da Educação foi relegado. Depois de ver vencido o prazo para a sua implantação e apresentação dos resultados, sem qualquer explicação as autoridades do Ministério da Educação adiaram por 10 anos o plano e passando as metas que deveriam ser atingidas até o ano passado, para serem atingidos no ano de 2022.
O Sistema Único de Saúde, considerado um dos mais evoluídos do mundo, justamente por prever o atendimento universalizado com prioridade para os mais pobres, não consegue alcançar a eficiência com aqueles que mais precisam, gerando reclamações que se transformam em desespero, conforme a necessidade ou a ocasião.
Sem explicar os motivos que provocam tantos elogios no exterior e tantas reclamações dentro do país, os gestores se agarram em desculpas e não explicam as razões.
A sensação de insegurança vivida pela população brasileira, resultado de registros policiais e de cenas urbanas, onde o assassinado de crianças, jovens e adultos virou rotina no noticiário especializado e um desafio para as autoridades que não conseguem explicações e, no máximo, trocam os responsáveis pela segurança das pessoas, sem as mudanças necessárias que exige o processo.
Por tudo isso a gestão dos brasileiros não está suportando as comparações e se deixando abater pela falta de resposta que a população exige.
Sem respostas a insatisfação aumenta, a desconfiança cresce e há o abatimento natural da capacidade executiva das pessoas.
De que vale dispor de tantas chances se nenhuma delas alcança os resultados esperados?
Os jovens perceberam que os problemas são comuns a todos, independentemente do grupo social que possa estar pertencendo e notaram que a rua é o local de onde podem gritar para ser ouvidos, cantar para serem percebidos e caminhar para serem notados.
A partir dai as ruas de todas as grandes e médias cidades passaram a ser a catapulta das reivindicações de cada jovem que, em nome das famílias, declaravam a insatisfação atual e a precária possibilidade futura de alguma coisa mudar.
A ocupação das ruas de Macapá no dia 19 de junho, quarta-feira desta semana, foi a demonstração de que, também aqui as pessoas estão insatisfeitas e que precisavam dizer isso e disseram em alto e bom som, exibindo cartazes e pintando a cara, algumas ainda muito jovens e outras nem tanto.
Não fosse a infiltração dos baderneiros e o descostume das forças de segurança as conquistas seriam pela força da inteligência e nem seriam prejudicadas pela burrice da força dos punhos ou dos dedos.


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