QUEBRA DE
COMPROMISSO
Rodolfo Juarez
Os dirigentes nacionais calculavam que o
povo brasileiro, por ser considerado amante do futebol, estivesse durante o mês
de junho aplaudindo os resultados que trouxeram para o Brasil a Copa das
Confederações.
Ainda está na memória de todos os
brasileiros a explosão de alegria que o então presidente da República, Luiz
Inácio Lula da Silva e alguns de seus ministros, tiveram quando da declaração
feita pelos dirigentes da FIFA de que o Brasil sediaria a Copa do Mundo de 2014
e, em consequência, a Copa das Confederações de 2013.
Parecia que ali havia acontecido o
coroamento antecipado de um projeto que se estenderia até o final do primeiro
mandato do sucessor do então presidente, que daria as condições de renovar o
mandato e manter no poder, pelo menos por mais quatro anos o PT.
Afinal de contas o investimento em 10
estádios de futebol, reconstruindo uns e construindo outros bastariam para dar
horas de discursos para os candidatos que, durante a Copa do Mundo, estariam
sendo aplaudidos nos estádios modernos, no padrão de exigência da FIFA.
Quando vieram as primeiras reclamações
sobre o preço desses estádios, o governo se apressou em informar que não se
tratava apenas da construção dos estádios, mas também, das obras complementares
que, essas sim, seriam a grande “herança da copa” para todos os brasileiros.
Transporte público eficiente,
comunicação de primeiro mundo e um sistema de segurança social que traria para
o Brasil todas as qualidades já vividas no chamado primeiro mundo.
O tempo passou e começaram os saltos nos
preços dos estádios, as reclamações dos dirigentes da FIFA sobre a seriedade
dos dirigentes daqui, substituição de ministros por causa de indícios de
corrupção e a tentativa de amenizar a cobrança superestimando os ganhos do povo
com as obras ditas complementares, principalmente aquelas voltadas para o
sistema de transporte público.
O tempo passou, os aumentos dos preços
dos estádios foram confirmados e as obras complementares prometidas não serão
concluídas antes da Copa e, certamente, nem depois.
O episódio do Estádio Mané Garrincha, em
Brasília, quando a presidente Dilma foi vaiada quando declarou aberta a Copa
das Confederações, foi a desaprovação simbólica para tudo o que havia sido feito
para chegar aquele momento e tudo o que se haverá de fazer até o inicio da Copa
do Mundo no ano que vem.
Os brasileiros que estavam vendo a
televisão naquele momento tiveram a perfeita impressão que estavam sendo
representados pelos torcedores que estavam no estádio, em Brasília.
O simbolismo da Capital da República e
do enquadramento feito, como o presidente da FIFA e a presidente do Brasil, na
mesma fotografia, foi perfeito para, de uma só vez, os brasileiros demonstrarem
a desaprovação, não pela Copa estava iniciando, mas pelo comportamento tido
daqueles que haviam assumido a responsabilidade de fazer muito mais do que
estava feito.
Ao término do jogo, os jovens que também
viram e ouviram o vaiaço do Mané Garrincha, foram para as ruas, levando as reclamações
dos seus pais, tios, sobrinhos, avós e suas também, pois sentiam que estavam
sendo ludibriados com a certeza de que não reclamariam por tudo estar na casa
do sem jeito.
Daquele momento em diante o que se viu
foi a ocupação das ruas por todo o Brasil e se ouviu foram palavras de ordem
tendo como cortina a interpretação do Hino Nacional.
Nesse momento as autoridades
constituídas estão procurando o melhora momento para se responder, mesmo que
com um “sim” ou um “não”, cada um dos questionamentos dos jovens que dão a
impressão de quererem muito mais do que no começo do movimento.
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