Rodolfo Juarez
Enquanto a juventude trabalha a
renovação da ética pública, com propostas claras de mudança de comportamento e
de objetivos, o Brasil segue pelo caminho que já estava traçado, preparando-se para
adaptar-se às mudanças decorrentes das vozes que vêm das ruas.
São poucas, na história, as
oportunidades que um povo dá para os seus governantes redefinirem os seus
planos.
Pois bem, em plena estação da internet,
a população brasileira, fortemente representada pela sua juventude, está dando
essa oportunidade aos dirigentes brasileiros. E nem mesmo aqueles que não
querem isso – como os infiltrados e baderneiros -, conseguiram diminuir o
ímpeto dos manifestantes que dão a clara impressão que sabem o que querem e
querem muito mais do que estão lhe dando a oportunidade de usufruir.
Querem cidades com mobilidade adequada,
transporte público com característica pública; a saúde pública para todos;
educação em condições que permita aos brasileiros competirem em condições de
igualdade com outros povos; o fim da corrupção sob todas as formas; melhor
aplicação do dinheiro que paga sob o título de tributos e, essencialmente, paz.
Apesar de não ser nada extraordinários
para um povo que trabalha muito, paga muitos e caros tributos, vê os outros
povos, nas mesmas condições que o povo brasileiro evoluir, melhorando a
qualidade de vida, diminuindo as desigualdades, registrando produto interno
satisfatório e se aproximando das comunidades mais evoluídas da Terra e, por aqui,
a alegação de tantas dificuldades.
Durante todo o primeiro semestre, na
linguagem dos especialistas, se ouviu falar de dois brasis: enquanto um se
apresentava como chegando aos primeiros lugares para ficar ao lado dos países
mais ricos do mundo, o outro mostrava um povo sofrido, desconfiado, sem
alternativa e caminhando para trás ou parado em um abismo perigoso e na
iminência de romper-se e levar com ele todo o orgulho e a confiança
conquistados com muito trabalho e luta.
Essa realidade não era declarada pelos
gestores públicos, mas era muito sentida pelo povo, cada vez mais endividado,
com menos oportunidade de melhoria na sua qualidade de vida e quando viu a
possibilidade da inflação se tornar, mais uma vez, a sócia voraz da população,
os lamentos silenciosos passaram a ser palavras de atenção e, mais tarde,
gritos de alerta que poucos ouviram.
Foi preciso reagir!
E a melhor forma foi usar a internet,
convidar todos para irem às ruas, juntar-se e, em passeata, fazer a declaração
de que não estavam satisfeitos com o que estava acontecendo e, mais do que
isso, apresentar a solução para os problemas novos que não mais poderiam ser
suportados pelo povo.
O plano elaborado pelos administradores
do interesse público e aprovados pelos representantes do povo estavam em xeque.
As medidas, até então consideradas
definitivas, estavam sendo questionadas e mais que isso, tinha a exigência
prática de que deveriam ser desconsideradas. E assim foi feito e assim
aconteceu.
O plano de aclamar o povo realizando um
campeonato de futebol ruía. E nem a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e
as Olimpíadas, convenciam a população
que contou com os jovens, como seus representantes, para rejeitar esse
argumento e dizer que o povo quer mais e o que quer.
A expectativa fica por conta da vontade
dos atuais gestores públicos e dos representantes do povo, em aceitar voltar a
viver no Brasil Real.
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