segunda-feira, 6 de abril de 2015

O pior começo dos três mandatos

Rodolfo Juarez
Até agora são poucas as modificações que se pode notar na maneira de administrar o Estado na comparação com outras oportunidades do Governador Waldez Góes.
Nem mesmo os primeiros 90 dias do primeiro mandato exercido pelo pedetista no ano de 2003 foram tão indecisos como o de agora. A equipe era melhor e a disposição para o trabalho também.
É verdade que havia mais confiança, menos desgaste e o estado vinha de uma experiência que não havia dado certo – o Programa de Desenvolvimento Sustentável.
A população conhecia e repudiava o programa, exigia que o mesmo fosse interrompido, devido às consequências que poderiam contaminar a disposição da mudança que havia trazido na “pasta” o governador Waldez.
Também havia uma afinidade maior entre a bancada parlamentar federal de então e o Executivo, não deixando dúvidas quanto à confiança que poderiam ter um no outro, questão que hoje está muito difícil devido às novidades que são os próprios representantes amapaenses em Brasília.
Os amapaenses ainda estavam hipnotizados pelo que poderia fazer o senador Sarney, inclusive com o apoio irrestrito do capital privado local que investia visivelmente no futuro do estado, acreditando que um novo tempo estava começando.
Claro que contribuiu para o ambiente múltiplo a forma como a professora Dalva Figueiredo se lançou na campanha. Antes tida com apenas uma governante que daria continuidade aos projetos do governador João Capiberibe, tendo como imã de atração o PDSA, mas que resolveu fazer o seu próprio governo acreditando que poderia vencer as eleições e, com isso, afrontou o seu antecessor de uma forma que convenceu muita gente, mas não em quantidade suficiente para vencer o adversário do PDT que percebeu que havia chegado a oportunidade que tanto esperava para governar o Amapá.
O ambiente entre os deputados estaduais e o Executivo era muito melhor que o de agora. A gestão se completava um no outro, tanto que os primeiros meses foram de verdadeira lua de mel entre os executivos do Governo e os deputados da Assembleia Legislativa.
Os Poderes também estavam mais afinados, não havia rusgas e se tudo não estava bem sintonizado, pelo menos não se escancaravam tantos problemas como hoje, em um ambiente que até se duvida da importância das ordens constitucionais como funcionar em “harmonia” e “independência”.
Os primeiros 90 dias do atual mandato mostram-se muito mais difíceis de os primeiros 90 dias dos outros dois mandatos.
O contingenciamento do orçamento reflete muito bem a insegurança dos responsáveis pelo planejamento do Governo e a falta de confiança no que foi dito pelos gestores anteriores para os gestores atuais, que entraram desconfiando de tudo e pisando em ovos. Além do que alguns setores, mesmo os mais abastecidos de dinheiro, como a Educação, não tinham pernas para andar na alegação dos dirigentes do setor.
As dificuldades foram tantas que, passados os primeiros noventa dias, só uma certeza toma conta de tudo – a de que não há certeza de nada.
A saúde pública, vinda de um estágio de imensas dificuldades, até agora, passados os 90 dias, continua sendo um problema insolúvel para todo o exercício com os dirigentes do setor já anunciando que estão na “casa do sem jeito”.
O resultado satisfatório veio rápido, pela ação dos militares, foi na segurança pública, arrefecendo a sensação de insegurança, muito embora os problemas persistam, mesmo que em menor escala e com mais confiança da população e entendimento entre os gestores e operadores.
Os 90 dias desse terceiro mandato são, indiscutivelmente, os mais confusos de todas as três experiências de começo do governador Waldez Góes.
Os problemas continuam do mesmo tamanho e alguns atores do governo ainda não entraram em cena, respeitando demais a crise e desacreditando na sua capacidade de resolver os problemas, inovando nas ações e criando alternativas.

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