quinta-feira, 15 de março de 2012

DE OLHOS FECHADOS

Rodolfo Juarez
Desde que os órgãos de vigilância do Estado decidiram fechar os matadouros com endereço na sede do Município de Ferreira Gomes que a população de lá está sendo obrigada a se valer de uma dieta completamente diferente daquela que fez os seus costumes – abster-se, completamente, de carne bovina e suína.
Também aqueles trabalhadores que tinham a seu ofício voltado para o corte do gado bovino ou bubalino ficaram sem ter o que fazer e, em consequência, não ter ganhos sequer, para o sustento de suas famílias.
Os pequenos criadores e até os grandes fazendeiros, também estão vendo a atividade econômica que tinham como centro o corte do gado, permanecer sem atividade e, com isso, ver profundamente afetado toda a sua cadeia produtiva e, naturalmente, desanimar-se e, até, desistir de continuar “malhando em ferro frio”.
Já tem produtor desistindo do mercado da região e mandando o gado que está sem ponto de corte para outros centros consumidores, fechando contratos que, seguramente, vão desviar a atenção que, até há pouco era voltada para o consumo interno da região do Araguari.
Então não se trata de uma simples medida administrativa.
É uma medida (ou decisão) equivocada que está afetando a economia, a produção e o consumo de toda uma região, além de obrigar a população a uma dieta que não está acostumada e empurrar trabalhadores para a margem do mercado, sujeito a subempregos ou ao desemprego sem qualquer preparação para mudar o seu perfil profissional.
Trata-se de uma medida burocrática, errada, sem sentido, a não ser para a “burrocracia” de descuidados agentes públicos que não conseguem perceber o alcance de medidas que recomenda tomar ou que toma de forma pontual, e que afeta, diretamente, o modo de vida das pessoas.
Que culpa tem a população de Ferreira Gomes e vizinhanças, se o matadouro, por tanto tempo dito sem condições sanitárias, não teve o seu processo adequado às exigências ou às recomendações?
Onde foi que os trabalhadores do setor contribuíram para que os erros alegados avançassem por tanto tempo, mesmo com os antecessores dos atuais mandatários tendo a mesma responsabilidade de mandar fazer diferente?
Porque os atuais mandatários não orientaram de forma prática e contributiva uma forma diferente da que foi usada, simples, mas absurda, e que deixou trabalhadores sem trabalho; empresários sem empresas; e consumidores sem ter a chance de comprar?
Ora, a responsabilidade pelo abastecimento de uma comunidade, antes de ser da própria comunidade é do Estado.
É como é que os agentes estaduais, se valendo de uma cartilha genérica, mas sempre a favor da comunidade e a interpreta de uma forma que serve para todos, menos para essa mesma comunidade.
Alguma coisa está muito errada. E, certamente, não é a população.
Pode ser até que o agente público que está comandando esse caos nem tenha percebido. Afinal de contas ele mora em Macapá, tem a sua disposição a mesma carne que está proibindo de ser comprada pela população pobre de Ferreira Gomes.
Ou será que o agente público responsável pela tomada de decisão não se importa com os pobres, aqueles que precisam da proteína animal para manter-se em pé, trabalhando.
É importante que o agente público responsável pela medida que proibiu, mesmo que indiretamente, a população de Ferreira Gomes de comer carne de gado, saiba que eles lá não têm cargo comissionado e muito menos diárias para viagem que pagas com recursos dos contribuintes.
Em tempo: esse mesmo agente público passa todos os dias, pelo menos por 10 pontos de venda de carne de porco, em Macapá, onde mora, e finge que não vê, pois, em Macapá, também não tem matadouro homologado para abate de suínos.
O agente público que manda fechar os matadouros em Ferreira Gomes, fecha os olhos para as mesmas situações por aqui.


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