domingo, 4 de março de 2012

SEM RUMO

Rodolfo Juarez
Os dirigentes do Estado do Amapá precisam pensar, urgentemente, em um Plano de Desenvolvimento Local de médio prazo. Não dá mais para se estar improvisando sem saber o que se está injetando como efeito estruturante ou não, no sistema que sustenta o desenvolvimento estadual.
Já se percebe claramente que estamos com dificuldades para saber para onde estamos indo, apesar de todos os ventos favoráveis que possam estar soprando, mas, mesmo assim, se tem muitas dificuldades para responder perguntas elementares mesmo em um ambiente em que se tem muito mais por fazer do que está feito.
As recentes obras de construção de usinas hidrelétricas no Rio Araguari são claras demonstrações de que o sistema público não tem controle sob o aproveitamento do potencial natural local. Correr, de forma permanente, o risco de não dar certo, não pode ser admitido por ninguém, principalmente por parte daqueles que têm a responsabilidade de cuidar para que isso não aconteça.
Os deputados federais e os senadores têm a responsabilidade de serem os vigilantes com relação a essas ocorrências e o governo do estado, com todo o seu aparelho, precisa estar atendo para que as distorções não predominem o medo de facilitá-las, iniba o desempenho de profissionais que estejam atuando de boa-fé.
Zelar pelo patrimônio de todos é a obrigação daqueles que receberam a autorização da população, através de mandatos eletivos, para fazer a gestão do patrimônio, principalmente o natural, do Estado.
O fato é que as desculpas já não podem ser dadas com a frequência que são dadas. Isso demonstra despreparo e desequilibra tanto que ficará difícil, depois, conseguir reequilibrar os efeitos dos erros.
Percebe-se que os erros estão sendo esquecidos, não pelos seus tamanhos, mas, certamente, pela gravidade dos seus efeitos, sempre devastadores e que ocupam todos aqueles que poderiam, lá no início e causa de tudo, ter evitado, zelando para que esses erros não ocorressem.
No momento ninguém sabe o que é mais importante para o Estado. E por uma razão muito simples, apesar de tudo, aparentemente, estar fazendo falta – ninguém conhece a lista de prioridades para o desenvolvimento.
Ora, se essa lista de prioridade não existe, não há como nem ignorá-la, negá-la ou mesmo contestá-la ou modificá-la.
O vigor dos improvisos e dos “achos” está em escala crescente, muito embora a população pague, em dias, profissionais para cuidar disso, informar o que precisa ser feito e deixar que as preferências sejam apresentadas.
O melhor e mais perigoso exemplo, está no leito do Rio Araguari, o maior rio genuinamente amapaense e que está recebendo mais duas hidrelétricas de médio porte e sendo anunciada a instalação de uma terceira usina. Serão três usinas provocando a inevitável alteração do processo de equilíbrio do Rio, deixando preocupados os ribeirinhos e aqueles que fazem dali o meio para o seu sustento.
As promessas feitas pelos dirigentes da empresas Ferreira Gomes Energia, não vem sendo cumpridas e há sinais claros de que o cronograma da obra não está sendo obedecido e, pior, o prazo de entrega da obra pode dobrar, o que também dobra o período de agressão à fauna e à flora do Rio Araguari.

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