domingo, 5 de agosto de 2012

Problemas da reeleição

Rodolfo Juarez
A reeleição, na maioria das vezes, é uma proposta arriscada para o gestor que está no cargo, pois, além de não conseguir ajustar os interesses da gestão pela qual é responsável, sempre é levado a arriscar mais, fazer o que não deve e, principalmente, deixar em segundo plano a administração, uma vez que é levado a colocar em primeiro, primeiríssimo plano a reeleição.
Sabe ele que se não for assim jamais terá chance, pois concorre com outros candidatos que não têm ou têm baixo o índice de rejeição.
Por causa disso há uma inversão na gestão do próprio poder e o lado fragilizado é do coordenador da administração, principalmente quando esse coordenador fatia a administração, com o objetivo de garantir para os seus aliados, amigos, parentes ou correligionários partidários, poder e emprego, em órgãos dos quais deveria ser o coordenador das ações.
Durante toda a campanha os secretários e secretárias que ocupam cargos na administração ficam intocáveis, pois, em regra, o candidato à reeleição conta com a promessa de importantes e decisivos votos daqueles que guardou sobre a proteção do guarda-chuva público e que tinha a atribuição oficial para ser o distribuidor de atividades.
É durante a distribuição das atividades que se “negocia” a compra disfarçada de votos, pois, nem mesmo disfarça os motivos e as reuniões administrativas passam a ser reuniões políticas, sem qualquer preocupação adicional, tratando os assuntos de campanha como se fosse de interesse da administração.
E muitas dessas reuniões não são realizadas nos ambientes públicos das sedes dos órgãos da administração, são levados para outros locais, onde o coordenador da campanha do candidato à reeleição entende que não precisa levar em consideração a platéia, toda de funcionários, nem mesmo a mesa dos trabalhos, toda de pessoas que têm cargo na administração.
O instituto da reeleição foi inserido como emenda à Constituição de 1988, tendo como justificativa o fato dos gestores que vinham fazendo um bom trabalho terem chance de continuar esses trabalho por mais 4 anos, além do que, poderiam estar o gestor desenvolvendo um programa de eficácia na gestão financeira da Prefeitura e econômica da Administração. Os dois motivos, muito importantes em qualquer cenário.
Mas o que seria uma questão óbvia não conseguiu despertar os mais interessados – os próprios gestores públicos que, independentemente de estar fazendo uma boa administração, sempre, enquanto a lei admite, se candidato a continuar no cargo, sem levar em conta os requisitos básicos que justificaram a aprovação e promulgação da Emenda Constitucional 16.
Tudo, então, passa para a interpretação do eleitor.
Para o eleitor os políticos transferiram a análise que os que disputam a reeleição não tiveram condições para fazer ou não souberam ou puderam fazer.
Mas até agora, pelo menos no Estado do Amapá, os executivos reeleitos tiveram problemas no segundo mandato, principalmente em relação à Prefeitura de Macapá.
Basta analisar o primeiro mandato do prefeito João Henrique, em Macapá, comparando com o que foi o segundo mandato.
Isso precisa ser levado em consideração para que os erros não sejam repetidos, os problemas não se perpetuem, a Cidade e o Município, não sejam afetados pelos erros ou desinteresse que o gestor demonstra, sabendo que vai ter mesmo que sair no final dos quatro anos.
Isso é o resultado de um período em que os dirigentes dos partidos se reunião para fazer plano de poder, ao invés de fazer planos de gestão. E os planos de poder não tinham horizontes menores do que 20 anos. Foi essa vontade de ficar no poder que está levando tanta gente ao banco dos réus no STF no julgamento do Mensalão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário