sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

CONVERSANDO COM MACAPÁ

Rodolfo Juarez
E ai Macapá! Como está se sentindo nesse dia que são completados 253 anos desde aquele dia em que te deram qualidade de cidade e passastes a ser a referência do local.
Acho que sentes saudades daqueles teus primeiros moradores, os que se agasalharam pelos teus espaços, formando os primeiros corredores, por onde as pessoas entravam e saiam, sem saber que estavam criando uma das maiores referências da região, de frente para o nascente, o que permitia que os teus habitantes recebessem o vento no rosto já filtrado pelo maior rio do mundo.
A igreja de São José de Macapá era o ponto de convergência da cidade. Lugar dos batismos das crianças, das novenas das senhoras e de encontros de todos no dia 19 de março, dia de São José, o padroeiro do lugar.
As festas, realizadas com pompa, atraiam os moradores vizinhos. Claro que não eram vizinhos tão próximos assim, mas sempre dispostos a vencer a distância com a força dos remos impulsionando as pequenas embarcações, riscando as águas virgens do rio, e com fé, para justificar o compromisso com o padroeiro e com a religiosidade.
Quando menina-moça os teus tutores começaram a especular sobre a tua libertação para seguires a vida, afinal de contas já passavas dos 3 mil habitantes e já tinhas vontades e necessidades próprias.
Dava a impressão que, naquela época, quando ainda não tinhas completado 100 anos, o tempo passava lentamente, preguiçosamente e para as coisas acontecerem se contava o tempo em décadas.
Mas o tempo passou, passastes dos 100, e quando tinhas completado 185 anos, isso em 1943, no dia 13 de setembro, foi criado o Território Federal do Amapá. Naquele momento era preciso escolher uma capital para o Território.
Tenho certeza que não ficastes com ciúmes da cidade de Amapá, no norte do recém criado Território, e que tinha a fama de ter ser uma das bases de apoio às forças americanas, na estratégia de combate na segunda guerra mundial, quando ela foi citada como a preferida para ser a capital do Território Federal do Amapá.
Afinal, ficavas do outro lado do grande oceano, à margem esquerda de um rio caudaloso, mas desconhecido, cheio de lendas e de mistérios.
Provavelmente foram os teus encantos que prevaleceram sobre aqueles que tinham que escolher qual núcleo urbano seria a Capital do Amapá. Não foi preciso nem muito esforço da tua parte para revirar a cabeça dos que tinham que escolher a capital e, para isso, apresentar justificativa consistente que descrevesse o presente e permitisse ver o futuro. Nesse tempo já tinhas o Forte pronto, mas a caminho da ruína, que era um apelo aos que tinham necessidade de fazer o melhor para justificar, ao o resto do Brasil, que era importante investir nessa região.
Desde janeiro de 1944 passastes a ser a capital do Amapá e segues fiel a esse compromisso, enfrentando os bons e os maus momentos a que és submetida, mas sempre mostrando o que precisas e o que precisam os teus habitantes para oferecer uma qualidade de vida de acordo com os índices médios nacionais.
Iniciastes o ano de 2011 com mais de 366 mil habitantes e recebendo mais 40 habitantes a cada dia. Tens um crescimento populacional muito acima da média do crescimento da população total do Brasil e isso é uma questão que te preocupa.
Sei que estás chocada com as referências que são feitas a teu respeito. Os teus síndicos têm mais problemas pessoais maiores do que os teus, mas apresentas a tua história, onde superação é uma constante. Parabéns no dia que completas 253 anos.

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