sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

DIFICULDADES PARA SAIR DO LUGAR

Rodolfo Juarez
Um relatório divulgado pela Confederação Nacional da Indústria, a CNI, confirma a percepção de que encontrar trabalhadores preparados representa hoje um dos principais problemas para as empresas no Brasil.
No estudo, que ouviu mil e seiscentas corporações de pequeno, médio e grande porte, sessenta e nove por cento dos entrevistados afirmaram que enfrentam problemas por conta da falta de profissionais qualificados no mercado.
Sobre o perfil dos profissionais qualificados mais demandados, noventa e quatro por cento apontaram para a escassez de profissionais técnicos no mercado de trabalho brasileiro.
Entre as alternativas encontradas para reverter esse cenário, a maioria das empresas, através dos seus entrevistados, em torno de setenta e oito por cento, disse que mantém programas para capacitar os profissionais dentro da própria companhia. Contudo, metade desses entrevistados disse que há problemas na base do ensino o que se constitui uma das principais barreiras para o sucesso das ações para qualificação dos trabalhadores.
O estudo, que não cita dados específicos do mercado de tecnologia da informação, identificou que a falta de profissionais qualificados está hoje, disseminada em praticamente todos os setores da economia.
Ora, essa é uma notícia do mercado de trabalho privado, mas que reflete claramente a situação do setor público, com atribuições para atender a população em todas as suas necessidades.
Outro detalhe é que a pesquisa contratada pela CNI foi realizada nos pólos industriais brasileiros, com endereços no sudeste, no sul e alguns no nordeste e centro-oeste. A pesquisa girou sobre um centro onde estão estados e cidades que já tem um processo de desenvolvimento instalado, com serviços públicos muito mais eficientes que os que, por exemplo, são oferecidos à população do Estado do Amapá.
Por aqui, aliás, a população cresce a uma taxa maior que o dobro da taxa médica brasileira, gerando ai outro elemento importante para ser considerado na construção das condições de atendimento aos que já estão com endereço no Amapá e para aqueles que estão chegando.
Até agora o setor público, tanto Estado como dos Municípios, não trabalhou a contratação de técnicos que possam tratar da aplicação do recurso crescente do orçamento e estão deixando que os técnicos, que há pelo menos de 10 anos, assumiam a responsabilidade pela aplicação de um orçamento do Estado de R$ 600 milhões, para assumir a mesma responsabilidade por um orçamento de R$ 3,6 bilhões.
É inconcebível que a mão-de-obra daquele tempo dê conta de executar um orçamento seis vezes maior. Não existe lógica para isso, ainda mais se for considerado que aqueles profissionais não receberam qualquer treinamento e estão, na prática, com remuneração menor na atualidade.
A capacidade de execução do orçamento público, seja de investimentos ou de aquisição de bens e serviços, deve ser considerada em forma de correspondência direta com a capacidade de trabalho disponível no setor público.
São essas questões que vêm evidenciando a ineficiência do Estado do Amapá em aplicar, por exemplo, os recursos destinados às obras do Programa de Aceleração do Crescimento, referentes ao primeiro repasse, feito em 2007, pouco mais de 140 milhões de reais, em obras que são muito necessárias e que mesmo assim, parecem obstáculos onde a administração do Estado tropeça sempre e não consegue sair da última colocação na corrida da eficiência da aplicação dos recursos.
As notícias da rejeição dos projetos, da perda de recursos empenhados decorrente de emendas parlamentares e de atrasos nas obras que são financiadas por recursos de empréstimos ou do próprio orçamento do Estado, já deveriam ter chamado a atenção dos governantes para que criem as condições de reforçar a equipe técnica, pois sem ela, o Estado do Amapá terá dificuldade para sair do lugar.

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