O contribuinte,
em qualquer cenário de análise, é o mais prejudicado quando uma obra pública,
que poderia ser construída em um ano, acaba sendo concluída em 4 ou 5 anos, ou
mesmo abandonada até que, por conveniência seja concluída ou tenha demolido o
esqueleto ou deixado de lado o projeto.
Quando o gestor
público decide realizar uma obra de engenharia ele, em regra, já aprovou o
anteprojeto e o projeto básico, já discutiu com os seus auxiliares a
conveniência ou já foi convencido por eles dessa conveniência, além de
justificar em despachos administrativos múltiplos a decisão que tomara.
Também já havia
definido o financiamento e aprovado o prazo dito adequado para a conclusão da
obra ou do serviço. Como, certamente, já tinha avisado para a comunidade, aquela
que seria diretamente beneficiada, na busca de contar com o apoio e a defesa do
projeto que aprovara e que decidira executar.
Manda que tomem
todas as medidas necessárias, fala muito sobre o assunto, até para quem nada
tem a ver com a decisão. Avisa até o presidente da associação de funcionários
do órgão ou para o presidente do sindicato da categoria, alegando as vantagens
da decisão.
Para os de fora,
narra a sua vontade e assegura que vai convidar para a inauguração, quando não
para o evento de assinatura da ordem de serviço ou de lançamento da pedra
fundamental.
Mas por uma
razão ou outra, depois de licitada e contratada a obra, ela deixa de ser
prioridade para aquele gestor que se encanta, como se encantara pelo primeiro
projeto, por outro que, desta vez é “muito importante para todos”. Não avisa,
entretanto, que vai deixar de lado o projeto que havia classificado como
“espetacular”, “decisivo” e “importantíssimo”.
Não demora muito
o contribuinte começa a perceber que a obra não está no ritmo que precisava e
que não mais será entregue no prazo que havia prometido o gestor e que estava
na placa da obra, para que todos vissem.
Enganado, eu?
Pensa o contribuinte.
Sim enganado tu.
Diz a sua consciência...
E deste simples
diálogo entre o contribuinte e a sua consciência começa a frustração, própria
de quem se sente completamente enganado.
A primeira
vontade é ir tomar satisfação com aquele que lhe enganou. Mas percebe que o
enganador já havia tomado as providências para que o contribuinte enganado não
tivesse acesso ao enganador.
Nesse momento
começa os lamentos.
Conta para todo
mundo que está se sentindo enganado.
Engraçado. O
contribuinte não admite que foi enganado. Ele prefere sentir-se que “está sendo
enganado”. Não dá para descobrir a diferença entre uma coisa e outra, mas
certamente há diferença, pois, para cada um dos dois cenários o contribuinte
tem reações diferentes.
Começam a fazer
as contas no calendário e na variação que sofrerá o preço. Começa querer saber
quem está tirando vantagem nisso tudo. E quando percebe que é ele mesmo que vai
ser responsabilizado pelos aumentos de preço daquele obra, então se irrita,
começa a chamar todos de ladrão, mas ainda de forma indefinida – da boca para
fora -, pois a definida, tem certeza, ainda precisa confirmar.
E não é que, de
vez em quando, confirma mesmo!
Mas nesse
momento já está completamente tomado pela desilusão e deixa para lá e fica
apenas, como sem querer, acompanhando o que as “autoridades” dizem e que confirma o que ele desconfiava: “estava sendo
passado pra trás”.
É por isso que vão
ficando os esqueletos, os restos de serviço, espalhados pela cidade,
aborrecendo quem passa por perto e alimentando a vontade de que “alguma coisa precisa
ser feita, e logo.”
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