domingo, 22 de julho de 2012

As obras paradas e o contribuinte

Rodolfo Juarez
O contribuinte, em qualquer cenário de análise, é o mais prejudicado quando uma obra pública, que poderia ser construída em um ano, acaba sendo concluída em 4 ou 5 anos, ou mesmo abandonada até que, por conveniência seja concluída ou tenha demolido o esqueleto ou deixado de lado o projeto.
Quando o gestor público decide realizar uma obra de engenharia ele, em regra, já aprovou o anteprojeto e o projeto básico, já discutiu com os seus auxiliares a conveniência ou já foi convencido por eles dessa conveniência, além de justificar em despachos administrativos múltiplos a decisão que tomara.
Também já havia definido o financiamento e aprovado o prazo dito adequado para a conclusão da obra ou do serviço. Como, certamente, já tinha avisado para a comunidade, aquela que seria diretamente beneficiada, na busca de contar com o apoio e a defesa do projeto que aprovara e que decidira executar.
Manda que tomem todas as medidas necessárias, fala muito sobre o assunto, até para quem nada tem a ver com a decisão. Avisa até o presidente da associação de funcionários do órgão ou para o presidente do sindicato da categoria, alegando as vantagens da decisão.
Para os de fora, narra a sua vontade e assegura que vai convidar para a inauguração, quando não para o evento de assinatura da ordem de serviço ou de lançamento da pedra fundamental.
Mas por uma razão ou outra, depois de licitada e contratada a obra, ela deixa de ser prioridade para aquele gestor que se encanta, como se encantara pelo primeiro projeto, por outro que, desta vez é “muito importante para todos”. Não avisa, entretanto, que vai deixar de lado o projeto que havia classificado como “espetacular”, “decisivo” e “importantíssimo”.
Não demora muito o contribuinte começa a perceber que a obra não está no ritmo que precisava e que não mais será entregue no prazo que havia prometido o gestor e que estava na placa da obra, para que todos vissem.
Enganado, eu? Pensa o contribuinte.
Sim enganado tu. Diz a sua consciência...
E deste simples diálogo entre o contribuinte e a sua consciência começa a frustração, própria de quem se sente completamente enganado.
A primeira vontade é ir tomar satisfação com aquele que lhe enganou. Mas percebe que o enganador já havia tomado as providências para que o contribuinte enganado não tivesse acesso ao enganador.
Nesse momento começa os lamentos.
Conta para todo mundo que está se sentindo enganado.
Engraçado. O contribuinte não admite que foi enganado. Ele prefere sentir-se que “está sendo enganado”. Não dá para descobrir a diferença entre uma coisa e outra, mas certamente há diferença, pois, para cada um dos dois cenários o contribuinte tem reações diferentes.
Começam a fazer as contas no calendário e na variação que sofrerá o preço. Começa querer saber quem está tirando vantagem nisso tudo. E quando percebe que é ele mesmo que vai ser responsabilizado pelos aumentos de preço daquele obra, então se irrita, começa a chamar todos de ladrão, mas ainda de forma indefinida – da boca para fora -, pois a definida, tem certeza, ainda precisa confirmar.
E não é que, de vez em quando, confirma mesmo!
Mas nesse momento já está completamente tomado pela desilusão e deixa para lá e fica apenas, como sem querer, acompanhando o que as “autoridades” dizem e que  confirma o que ele desconfiava: “estava sendo passado pra trás”.
É por isso que vão ficando os esqueletos, os restos de serviço, espalhados pela cidade, aborrecendo quem passa por perto e alimentando a vontade de que “alguma coisa precisa ser feita, e logo.”

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