quinta-feira, 19 de julho de 2012

As obras paradas e o Governo

Rodolfo Juarez
              Aparentemente o lado mais privilegiado da relação contratante-contratado é aquele do contratante, onde sempre está posicionado representando o setor público, aquele que detém Poder.
Mesmo assim, muitos dos problemas pontuados na análise geral da questão das obras paradas e os esqueletos de construções e de canteiros desativados que estão espalhados pelas cidades e entre elas, estão localizados no setor público, com omissões inexplicáveis que são reclamadas, em regra, pelo contratado.
Recentemente e a guisa de exemplo, um diretor de um órgão, por obrigações da função de diretor ou por questões não reveladas, teve que ausentar-se da sede Macapá, por mais de 15 dias, e não deixou nenhum substituo para manter ativa a relação entre o contratante e o contratado que passava por momentos decisivos e, ao final, chegou à conclusão que não havia, da parte do agente público, qualquer interesse do agente, como também da unidade pública em honrar o contrato ou, pelo menos, determinara a maneira de evitar que mais uma obra fique parada e a empresa tenha que dispensar os funcionários.
Esse é apenas um exemplo de comportamento atual de agente público, mas são às centenas os diferentes grupos de agentes que estão sempre muito desatentos com relação às obras e aos serviços de engenharia.
Boa parte das obras paradas é o resultado de decisão declarada do contratante ou por omissão completa dele que não demonstra interesse no cumprimento daquilo que foi assinado pelo gestor público.
Depois da licitação concluída, empresa selecionada e o contrato assinado, ao invés de deixar que as coisas se desenvolvam por si só, o que se observa é o desinteresse do contratante que, quando tem em mãos a primeira fatura, começa a “enrolar”, deixando o tempo passar e, com isso, desmotivando os dirigentes da empresa contratada que, por mais que queira outro cenário, se vê com o espaço limitado, porque o pagamento não é feito e a fiscalização não modifica o comportamento.
A situação do governo é tão delicada que quando é necessário enfrentar um problema da obra, todos fogem dele, deixando a impressão que têm medo de decidir. Alguns profissionais dizem até, que não decidem, pois, não sabem se a decisão que for tomada, será respeitada pelos superiores hierárquicos; outros preferem ficar longe do que consideram “confusão”.
As equipes de fiscalização do contratante do setor público, seja o Governo, ou qualquer outro órgão, não dispõe do transporte que deveria ser disponibilizado pelo órgão para as visitas diárias dos técnicos da equipe de fiscalização. Entre esses técnicos já foram tomadas pelo menos duas decisões: não usam os seus carros particulares para o deslocamento até a obra e não aceitar carona em carro da empresa para não serem malfalados.
Uma situação que está penalizando os profissionais que trabalham diretamente na fiscalização da execução da obra e que têm a atribuição de “medir” o que está concluído da obra para servir de base para ao faturamento e posterior recebimento.
Na opinião de alguns engenheiros de empresas o que há é um pouco caso mesmo e até falta de compromisso com a execução do que consta do contrato.
Os erros de projetos são repetidos e alguns grosseiros demais. Até mesmo falta de conhecimento do local onde vai ser executada a obra ou realizado o serviço tem motivado atrasos de obras e de serviços.
Como o setor público arregimenta bons clientes das empresas de construção e serviço de engenharia do Estado, os dirigentes vão “agüentando” a situação, atuando em forma de defender o patrimônio adquirido antes, para que ele não seja aplicado sem a garantia de receber ou, quando tem a garantia de receber, não sabem quando isso vai ocorrer.
Muitos exemplos são registrados, alguns agredindo, frontalmente, os princípios constitucionais da Administração Pública, entre eles o da publicidade e da eficiência.
É opinião geral – se o setor público, especialmente o Governo do Estado e a Prefeitura Municipal de Macapá e de Santana, quiser, pode eliminar, completamente, a possibilidade de uma obra virar esqueleto ou um canteiro virar morada de rato.
Basta fazer cumprir o contrato.

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