domingo, 16 de fevereiro de 2014

A realidade do Zerão

Rodolfo Juarez
Os amapaenses, mesmo não tendo os bônus prometidos para as cidades sedes dos jogos da Copa do Mundo, certamente vão arcar com os ônus da competição, seja de forma direta, com as manifestações de rua, ou de forma indireta com as alegações dos custos da copa quando terminar a competição.
Ainda está na memória dos amapaenses a quantidade de esperanças que foi deixada aqui pelo ex-presidente Lula. Ele vendeu a ilusão, juntamente com o então ministro dos Esportes, de que Macapá poderia ser base de uma das seleções que vêm disputar o torneio mundial no Brasil.
Visitas ao estádio estadual, fotos com o presidente, o ministro, o governador e o presidente da federação batendo bola no meio do mundo e uma carrada de promessas que colocou em linha, com o pouco ativo secretário de estado da infraestrutura, uma empresa especializada em produção de maquetes e um marqueteiro treinado em vender ilusões.
A maquete do estádio estadual veio parar aqui, no Amapá. Trouxe todos os truques do moderno processo eletrônico, que mostrava como ficaria o estádio lotado ou vazio e como chegariam os torcedores ao estádio, ou como os torcedores deixariam o estádio, indo buscar os seus carros em um estacionamento cheio de árvores e iluminado ou aqueles que prefeririam os modernos ônibus para o transporte coletivo, usando o bilhete único, tudo com todos felizes, mesmo quando o seu time perdesse.
O fato é que o sonho virou pesadelo e o estádio estadual, por quase oito anos ficou fechadinho, fechadinho, sem servir para nada e a tão cantada linha do equador, que divide o campo de jogo, saiu de moda, deixou de ser falada e não foi mais lembrada em qualquer discurso feito por qualquer das autoridades.
O estádio que fora construído em oito meses, levou para ser reformado, oito anos, a um custo superior ao da construção.
Nem mesmo a pista olímpica que, várias vezes foi anunciada como comprada e paga, está no lugar e a informação de que estaria metade em Macapá e outra metade nos armazéns da Companhia Docas do Pará, em Belém, foi dada pelo próprio secretário de infraestrutura do Estado, quando assinava por aquela secretaria o engenheiro Joel Banha.
Como vai ficar outro lado da cobertura prometida e que estava na tal maquete iluminada? A maquete deve estar guardada em algum lugar? O projeto, nem isso tem.
E os acessos, o estacionamento, as catracas eletrônicas?
E o bilhete único, as passagens mais em conta para os espetáculos? Onde estão?
Quem prometeu isso deveria ser cobrado agora. Impedido de comparecer em outra solenidade, com outro presidente e novamente prometer.
Vamos começar, outra vez, onde tudo parou!
Os vestiários, prometidos de moderna concepção, são os mesmos. Os sanitários vaporizados, também prometidos, ficam na conta das ilusões.
Vamos continuar com o mesmo Estádio, nas mesmas condições, que se não for corretamente mantido, estará, outra vez iniciando a sua volta ao passado, sendo usado para todos e para tudo, sem qualquer zelo, seja nas instalações ou no gramado.
Daqui a pouco, como está acontecendo no Sambódromo e no Monumento do Marco Zero, com a desculpa de dar ocupação para o “espaço ocioso”, poderá estar sendo utilizado por uma repartição, por uma associação, ou seja, lá pelo que for, sem respeitar a finalidade para com a qual foi concebido e com as mais diferentes desculpas que “justificam” as medidas.

Tomara que os dirigentes administrativos compreendam que o Estádio Estadual não é uma repartição pública e sim um palco com fins bem definidos e com objetivos que devem ser perseguidos pelos que têm essa incumbência.

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