sábado, 22 de fevereiro de 2014

Carnaval: mudança que desagrada

Rodolfo Juarez
A uma semana da apresentação das escolas de samba do Amapá na competição do Sambódromo, os organizadores ainda estão mexendo, ou prometendo mexer, na forma de avaliação que vai definir quais as escolas que mudarão de grupo para o carnaval de 2015.
O anúncio deste “ajuste”, mesmo que definido pelos poderes da própria instituição que é formada pelas escolas samba, precisa ser muito bem avaliado, pois, outros agentes privados e públicos, aderiram ao projeto e estavam certos de que não haveria mais alteração - por mais simples que fosse -, nas regras que estavam aprovadas.
A decisão que foi tomada pelos que têm a responsabilidade sobre o resultado do evento está arriscando todas as conquistas feitas até agora. Mesmo que seja para atender a uma situação inadiável da instituição, altera o que foi ficou subtendido tacitamente às instituições participantes, mas também o que ficou explicito nos contratos feitos com os patrocinadores, especialmente aquele firmado com as instituições públicas – Governo do Estado e Prefeitura do Município de Macapá – que já repassaram dinheiro público para a realização do evento.
A intimidade da organização e os motivos que certamente têm os dirigentes da entidade que é responsável pelas apresentações das escolas, avaliação do desempenho e a classificação final, devem ser fortes e terem justificativas robustas para arriscar, com tanta intensidade, a credibilidade do evento.
Uma das questões que precisa ser esclarecido é se os patrocinadores, entre eles o Governo do Estado e a Prefeitura de Macapá, sabiam que havia uma pendência a ser definida e que influenciaria não só no carnaval de 2014, mas também, no carnaval de 2015, com a mudança de paradigmas decisivos para a classificação das escolas.
Imaginar que o assunto só interessa para o Carnaval e, mais precisamente, aos dirigentes do desfile dos dias 28 de fevereiro e 1º de março, é minimizar demais a importância dos compromissos assumidos pelas escolas e a própria liga.
Se os patrocinadores sabiam que havia essa pendência, então também sabiam dos riscos que poderia correr. Se tudo está explicito no contrato de patrocínio, então não há o que acrescentar. Agora, se os patrocinadores não sabiam, há de se entender que a medida que altera as regras da competição, inclusive diminuindo o número de escolas que caem para o grupo de acesso ou desse grupo, sobem para o grupo especial, agride violentamente, o bom senso e deixa aberta a exibição a má-fé.
Será que se os patrocinadores soubessem dessa pendência teriam assumido a responsabilidade pelo patrocínio que foi negociado entre eles e os organizadores do evento?
Será que os gestores do dinheiro público não sentiram necessidade de analisar, detalhadamente, o projeto que foi apresentado para a tomada de decisão?
O fato é que muitos dos que integram a entidade que assumiu a responsabilidade pela organização e execução do carnaval não estão satisfeitos com a mudança, criando um ambiente de desconfiança, inclusive entre dirigentes de escolas que estão prontas para participar dos desfiles, conforme a regra dos outros anos e que lhes tinha sido dado conhecimento.
Quando as regras mudam, em cima da hora, mas que são para melhorar o espetáculo, ninguém reclama, mas quando acontece o que está acontecendo, com prejuízos morais e materiais, para, pelo menos, três escolas, então isso não pode prosperar e deve ser corrigido imediatamente, antes que de enfraqueça o evento na sua principal sustentação: as próprias escolas.

Ninguém acredita que se trata uma manobra para favorecer esta ou aquela escola, mas é exatamente essa possibilidade que está povoando a imaginação de alguns dirigentes, de todos os patrocinadores, dos brincantes e dos observadores.

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