sábado, 15 de fevereiro de 2014

Capa de chuva

Rodolfo Juarez
O prefeito de Macapá precisa prestar atenção no que está deixando acontecer com as pessoas, principalmente aquelas que moram mais afastadas do centro da cidade. As dificuldades nesse período chuvoso são muitas e diversas e estão além da possibilidade de defesa do morador.
Dificuldades para sair de casa, devido as condições da via; dificuldade para pegar o ônibus, pela demora e, até, falta de linha regular para atender a população; vias sem condições de tráfego para bicicleta, moto e até para carros; ligações regulares de energia sem condições de serem realizadas; a água do poço que usa está poluída; o posto médico não tem no bairro; nas escolas a dificuldades são desde o acesso à matrícula, até a presença dos professores e a regularidade da merenda escolar.
O que fazer em uma situação dessas?
É claro que tem o que fazer. A população, na sua imensa maioria é constituída de pessoas pacientes e compreensivas, mas que tem um limite dessa paciência e dessa compreensão. Basta o prefeito e sua equipe, sair do gabinete refrigerado, colocar uma capa de chuva e chegar até às casas e mostrar que está interessado em resolver os problemas.
De que adiantou as reuniões para elaboração do orçamento participativo?
Naquele momento a população falava de suas carências e, se não falou nessa, os técnicos e o próprio prefeito, teriam, como dever de casa, que saber.
As dificuldades são grandes. As perspectivas são nulas.
Há um descrédito na conta dos prefeitos que precisa ser, pelo menos, zerado, e para tanto a presença das autoridades é indispensável, insubstituível.
 Fazer propaganda de uma cidade que não existe ou que está apenas no sonho dos governantes é um erro imperdoável que precisa ser combatido dentro da própria prefeitura e, de  dentro para fora, pois, doutra maneira, o combate se consumará de fora para dentro, prejudicando a gestão que não vai poder planejar as ações e caminhar conforme a coerência das possibilidades administrativas.
As dificuldades são grandes e poderiam ser perfeitamente previsíveis para essa época do ano, nesse período de chuva, que, a bem da verdade, não está tão intenso como noutros anos e dando oportunidade para o administrador agir com coerência, planejamento e compreendendo a população.
Se não tiver plano nenhum para o combate às dificuldades, o melhor caminho é administrar junto com aqueles que estão passando pelas dificuldades. Eles sempre têm uma sugestão que, bem trabalhada, se torna viável, ou seja, exequível e dentro das possibilidades do município.
Esse período é também aquele em que o morador dos distritos, principalmente aqueles que ficam mais afastados, precisa de mais amparo. Ausentar-se dessas comunidades é desafiá-las a paciência delas que não são exigentes, mas sabem dos seus direitos e onde e quando eles podem exercê-los.
As rodovias municipais, as mais usadas pelos moradores dos distritos, estão em péssimas condições e a situação nada tem a ver com o passado tem, isso sim, a ver com o presente, com o agora.
Agir é o único caminho!
O agricultor, o pescador, o morador da área rural do município afinal, precisa conversar lá no local onde mora e não aqui no Gabinete. Aqui ele não vem e, se vir, será barrado pela secretária exigente e que só entende da agenda e da proteção ao prefeito, como se ele, o prefeito, não fosse o responsável pelo que é feito e o que não e feito dentro do município.
Nesse período o dia é mais curto, as noites são mais longas e os resultados, muitas vezes, não dão para cobrir as necessidades da família.
O problema que era da comunidade passa a ser individual. Cada um procura aplicar a solução que entende a mais razoável e que lhe dê condições de amenizar o sofrimento e o sentimento de abandono do poder público, pelo qual tanto lutou e no qual quase já não acredita.

As populações urbana, suburbana e rural estão vendo o tempo passar e as coisas não acontecerem conforme o prometido ou que sabem ser possível. Precisam, pelo menos, de uma explicação.

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