Rodolfo Juarez
Abriram-se as cortinas e a plateia pode
ver a realidade de um espetáculo dantesco com as ordens de direção e produção
sendo dados por diretores e produtores vindos de fora e que se valiam dos componentes
- donos do teatro -, para fazê-los ficar na mais das vexatórias posições: de
cócoras!
Todos em um canto do palco, indefesos,
faziam da sua própria casa um ambiente que não lembrava a imponência e a
importância que devia ter. Através deles mesmos, dos que ali estavam para
fiscalizar e dar a última palavra havia a autofagia e ainda defendiam os
algozes, completamente tomados pelo feitiço a que estavam submetidos.
Quem tinha que mandar, era mandado; quem
tinha que fiscalizar, era fiscalizado; todos os seus sons estavam abafados
pelos sons das vizinhanças.
As portas da frente completamente
fechadas, reservadas apenas para receber as más notícias, deixar entrar os
agentes policiais, chefiados por delegados com das mais diferentes
representações, em busca de malfeitos ou de feitos maus, alguns patrocinados e
outros plantados.
Nenhum deles pretendia deixar dúvidas
quanto a vontade de errar daqueles que ali estavam, mesmo que lá estivesses por
ordem do povo ou por necessidade do órgão. Não deixar ninguém de fora era a
ordem.
O espaço estava reservado para ser
ocupado pela mente de outros muito embora no corpo daqueles atores
aterrorizados, atemorizados, cheio de medos e sem qualquer disposição para
reagir à altura da agressão ou, mesmo, para manter a dignidade.
Despois do reconhecimento e a
verificação de que a maioria se conformava em continuar assustada, de boca
fechada e sem reação, até os comunicadores mais desprestigiados, resolveram
eliminar a última faixa de respeito necessário e que deve fazer parte da
armadura de cada um.
Com a maioria de cócoras, quase todos
despidos e completamente dominados, o plano de desmoralização continuava,
imaginando que desmoralizar uma parte do todo nada influencia no todo.
Ledo engano!
As questões foram piorando, as relações
de respeito acabando. A confiança teve atestado de óbito expedido. Quase nada
restava!
Quando a desmoralização tentada foi
considerada alcançada, que toda a estrutura estava deteriorada, todo o alicerce
comprometido e quase todos padeciam da mesma doença – a desmoralização.
Só havia um jeito: tentar impor a
disciplina pelo grito e pela desinformação. Uma orquestração precisava ser
montada para a defesa de todos, mesmo assim ninguém estava livre do sacrifício.
Todos pagariam caro pela imprevidência e
falta de visão.
O resultado já era medido e conhecido
por todos. Quase nada restava para fazer e de pouco adianta espernear dentro de
casa ou sair por ai gritando, querendo que todos o ouçam, mas ninguém quer mais
ouvir.
A credibilidade passa a ser chamada como
convidada. Clamada para não ser esquecida. Xavecada para não ser debochada.
Os resultados desastrosos só serão
recuperados quando os deputados estaduais do Amapá se colocarem em pé, falarem
de frente, impuserem a ordem, afinal eles são os representantes do povo no
ambiente republicano.
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