sábado, 10 de maio de 2014

De cócoras

Rodolfo Juarez
Abriram-se as cortinas e a plateia pode ver a realidade de um espetáculo dantesco com as ordens de direção e produção sendo dados por diretores e produtores vindos de fora e que se valiam dos componentes - donos do teatro -, para fazê-los ficar na mais das vexatórias posições: de cócoras!
Todos em um canto do palco, indefesos, faziam da sua própria casa um ambiente que não lembrava a imponência e a importância que devia ter. Através deles mesmos, dos que ali estavam para fiscalizar e dar a última palavra havia a autofagia e ainda defendiam os algozes, completamente tomados pelo feitiço a que estavam submetidos.
Quem tinha que mandar, era mandado; quem tinha que fiscalizar, era fiscalizado; todos os seus sons estavam abafados pelos sons das vizinhanças.
As portas da frente completamente fechadas, reservadas apenas para receber as más notícias, deixar entrar os agentes policiais, chefiados por delegados com das mais diferentes representações, em busca de malfeitos ou de feitos maus, alguns patrocinados e outros plantados.
Nenhum deles pretendia deixar dúvidas quanto a vontade de errar daqueles que ali estavam, mesmo que lá estivesses por ordem do povo ou por necessidade do órgão. Não deixar ninguém de fora era a ordem.
O espaço estava reservado para ser ocupado pela mente de outros muito embora no corpo daqueles atores aterrorizados, atemorizados, cheio de medos e sem qualquer disposição para reagir à altura da agressão ou, mesmo, para manter a dignidade.
Despois do reconhecimento e a verificação de que a maioria se conformava em continuar assustada, de boca fechada e sem reação, até os comunicadores mais desprestigiados, resolveram eliminar a última faixa de respeito necessário e que deve fazer parte da armadura de cada um.
Com a maioria de cócoras, quase todos despidos e completamente dominados, o plano de desmoralização continuava, imaginando que desmoralizar uma parte do todo nada influencia no todo.
Ledo engano!
As questões foram piorando, as relações de respeito acabando. A confiança teve atestado de óbito expedido. Quase nada restava!
Quando a desmoralização tentada foi considerada alcançada, que toda a estrutura estava deteriorada, todo o alicerce comprometido e quase todos padeciam da mesma doença – a desmoralização.
Só havia um jeito: tentar impor a disciplina pelo grito e pela desinformação. Uma orquestração precisava ser montada para a defesa de todos, mesmo assim ninguém estava livre do sacrifício.
Todos pagariam caro pela imprevidência e falta de visão.
O resultado já era medido e conhecido por todos. Quase nada restava para fazer e de pouco adianta espernear dentro de casa ou sair por ai gritando, querendo que todos o ouçam, mas ninguém quer mais ouvir.
A credibilidade passa a ser chamada como convidada. Clamada para não ser esquecida. Xavecada para não ser debochada.

Os resultados desastrosos só serão recuperados quando os deputados estaduais do Amapá se colocarem em pé, falarem de frente, impuserem a ordem, afinal eles são os representantes do povo no ambiente republicano.

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