sábado, 24 de maio de 2014

O máximo da violência

Rodolfo Juarez
A violência é um assunto que precisa ser combatido com eficiência, persistência e conhecimento. Não se pode imaginar que violência derive ou sirva como principio para a segurança ou fundamento para a criminalidade.
A violência por si só deixa as suas marcas de forma profunda na sociedade e, grande parte dela é praticada por marginais sociais, mas também significativa parcela decorre da falta de atenção e cuidado dos administrados que não ouvem e muito menos interpretam o que quer dizer o povo.
Faz tempo que, por uma só voz o povo fala reclamando da manutenção de um ambiente social onde a desconfiança predomina e sempre cresce; e onde os agentes públicos responsáveis apenas justificam e nada fazem.
Tornou-se comum os estrategistas da defesa da sociedade, que são pagos pela própria sociedade para ocupar-se só com isso, colocarem a culpa na população quando usam, por exemplo, o aparelho celular em via pública, considerando essa ação, com se fosse uma provocação ao criminoso, uma espécie de desafio para os defeituosos de atitude.
Os ensinamentos públicos animam muito mais os infratores, que passam a ter o suporte indireto daqueles que estão se omitindo em agir na qualidade de provedor e, de certa maneira, sujeitos a serem responsabilizados pelo crime de omissão indireta.
Evoluir do furto para o roubo e dai para a lesão corporal e o homicídio é uma escalada que o marginal ou o desassistido social faz, às vezes como forma de se impor no grupo criminoso do qual faz parte.
Pois é assim que está funcionando.
Para o menor, tanto faz se ele comete um crime mais ou menos grave com relação à pena que ficará sujeito; mas para a hierarquia do grupo, quanto mais grave o crime, quanto mais covarde, hediondo, ou tenha a classificação que quiser mais poder o elemento passa a ter no grupo criminoso que imagina pertencer.
A morte da professora às proximidades da parada do ônibus, a duzentos metros do Quartel da Polícia Militar e a bem próximo do primeiro conjunto habitacional construído no Amapá, para onde os criminosos correram, é a demonstração de que a população está completamente desprotegida.
A ocupação preferida dos agentes públicos, principalmente daqueles que foram eleitos pelo voto do povo, passou a ser difamarem-se uns aos outros: desde os senadores aos vereadores; desde a presidente aos prefeitos.
Entre eles os corneteiros, responsáveis pela amplificação das mentiras, das falsas informações, da disseminação das notícias ruins, algumas verdadeiras, mas que não constroem e não animam ninguém.
Enquanto isso uma professora, de vida exemplar e irretocável, mãe e vó, é assassinada em plena via púbica, por menores de idade, em conflito com a sociedade, alguns por opção, mas a maioria por falta dela.
Infelizmente o fato não é um episódio único. Vem na cadeia progressiva do aumento da violência, tanto no gênero como na espécie.
Como classificar um crime desse porte e nessas circunstâncias?
É evidente que não pode ser apenas a classificação que consta do Código Penal. É um crime de todos os responsáveis contra uma dona de casa, uma profissional da educação, essa categoria que tem sido tão massacrada mas que sobrevive pelo ideal, pela conduta, sempre aprendendo para ensinar e ensinando para não ver os seus “meninos” ao desamparo maior do que aqueles que estão decididos a sair por ai, desvalorizando a vida deles e dos outros.
Essa mudança precisa ser feita e não vai ser alcançada no clima de ressaca e briga entre os poderes, para saber quem é mais ou quem é menos, como se isso importasse para a população.
Importa apenas para eles mesmos, que cada vez mais brigam por mais; cada vez mais, perdem a compostura, não servem de exemplo e nem percebem que deixam a população órfã de comando, esperando passar o tempo, na expectativa de que a próxima alternativa dê conta do recado.

 Enquanto isso as pessoas ficam sem seus bens, aleijadas ou mortas.

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