quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A DIFERENÇA ENTRE O REGISTRO E O FATO


Rodolfo Juarez
Apesar de ser lugar comum entre os gestores que entram para começar um trabalho, nunca me pareceu uma boa política, começar qualquer trabalho em um órgão, público ou privado, mas principalmente no público, fazendo referências que possam ofender o gestor anterior.
Considero que, além de ser um procedimento inoportuno, baseado em avaliações incompletas, não reflete o profissionalismo com o qual deve ser encarada a gestão pública na atualidade, que precisa que seus orientadores tenham, antes de tudo, conhecimento suficiente e comprometimento com a causa pública.
Já passou o tempo em que tudo tinha que ser colocado na conta do governador, no caso da gestão pública estadual, do presidente no caso da gestão pública federal, ou no caso do prefeito, no caso da gestão pública municipal.
Todos devem estar cientes que a gestão é responsabilidade de todos que apenas seguem uma diretriz geral, que precisa ser conhecida profundamente, com interpretação correta dos seus detalhes e tendo como objetivo geral a população.
Ainda me lembro de uma situação que me vi na obrigação de contestar um importante assessor do governador Waldez quando respondendo a um questionamento feito, ao vivo, no rádio, não se fez de rogado e disse ia consultar o governador para saber se ele podia “começar a pensar no assunto”.
Ora, pode ser o auxiliar menos graduado de uma autoridade, mas ele precisa ter um mínimo de conhecimento de sua atribuição, para poder funcionar como auxiliar. Quando se trata de gestão pública, essa condição ainda precisa ser mais evidente, devido os compromissos que cada um deve ter com os resultados da gestão.
O auxiliar é tanto mais profissional quanto menos bajulador; ou mais bajular quanto menos profissional. A máxima de que “vale mais puxar-saco do que puxar carroça”, não serve para os que precisam tratar profissionalmente a gestão pública.
Uma declaração ou um discurso ganha contornos fantasiosos quando o profissional que está fazendo o registro do fato e descrevendo o que poderia ter acontecido, quer dar sua interpretação àquele fato. Toda vez que o registrador quer interpretar o que deveria ser um registro, acaba confundindo a todos, distorcendo o que a autoridade disse e produzindo mal estar na relação da autoridade com terceiros.
Esse é um cuidado adicional que precisa ter os responsáveis pela comunicação do governo. Em linhas gerais o redator está fazendo do release, que é sua obrigação, com uma forma própria de interpretação do fato, que nada tem a ver com o redator.
Não se está discutindo a qualidade do texto e muito menos o estilo que o redator utiliza para o texto. O que se está comentando é estrutura da informação que está com dificuldades para seguir uma linha profissional e se mantendo em uma proposta que prejudica a informação e quem não teve a oportunidade de estar presente no ato e recebe a informação distorcida, acaba por entender de forma equivocada o que realmente aconteceu.
Mas da para compreender a situação. Os dias que já passaram desde a posse do novo governo, ainda não foram suficientes para ajustar toda a engrenagem do sistema de comunicação do Governo do Estado com a população, uma obrigação que precisa ser bem cumprida e uma atribuição que precisa ser compreendida.
Apenas um exemplo para atestar esse fato – o release “SER INTENSIFICARÁ COMBATE À SONEGAÇÃO” publicado no site do Governo do Estado do Amapá, que no dia 12 de janeiro, que faz uma descrição confusa e equivoca do assunto tratado pelo secretário da Secretaria da Receita Estadual, Cláudio Pinho. Ficou diferente do fato.

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