domingo, 9 de janeiro de 2011

O RELATIVO VALOR DA VITÓRIA

Artigo publicado no dia 09.01.11

Como foi bom para o Estado a oposição vencer as eleições do ano passado. Estão todos agora atentos ao que o governador Camilo Capiberibe vai fazer e ele mesmo e seu grupo de trabalho, atentos a tudo o que o governo que saiu fez.
Pelos escândalos protagonizados pelos gestores que foram substituídos e que tiveram o seu clímax no segundo semestre de 2010, a parte da população que não havia percebido nada, acabou percebendo o rumo que a gestão pública do Estado tinha tomado.
É claro que nesse meio foram incluídos alguns “laranjas”, outros meio inocentes, mas também foram apanhados aqueles que ou efetivamente realizavam a má gestão ou que permitiram que ela fosse perpetrada, deixando como resultado problemas que não foram sanados por eles, não seriam sanados por outros e muito menos serão sados por quem quer que seja, justamente porque já forma consumados e, nesse caso, entrou na casa do sem jeito onde a punição resta como único e último remédio.
Os atropelos foram criados, os problemas foram deixados e as responsabilidades individuais estão sendo apuradas.
A parte ruim desses episódios fica por conta dos exageros. E o homem gosta de protagonizar exageros, festejar a desgraça dos outros, rejubilar-se com a tristeza do adversário daquele momento. E de tudo isso teve. Umas exageradas, outras contidas e outras discretas. Mas teve.
Mas os homens passam e o Estado continua. Ainda bem!
Já imaginou se fosse o contrário?
Se o Estado passasse e os homens continuassem? Como estaria o Estado nesse momento? Continuaríamos a construir “arenas”, “lugares bonitos” mesmo que o produto nada lembrasse uma arena ou um lugar bonito.
Estaríamos vendo a derrubada de outros prédios de escola, de início de novas obras e
de esqueletos de prédios públicos deixados ao longo das ruas e avenidas e ao lado de cada um desses esqueletos, os “novos ricos” passariam a construir prédios luxuosos, com uma residência, com duas residências ou com mais residências, garantindo o futuro do “novo rico” e de seus ascendentes, descendestes e colaterais.
Provavelmente os programas matutinos levados ao ar pelo rádio estariam pregando o “prazer de viver” em um Estado onde a “harmonia” seria a principal referência, muito embora, depois dos programas estivessem esquentando cadeiras das ante-salas de gestores públicos, cobrando contas atrasadas há mais de 6 meses.
Nem dava para perceber que todos estavam dentro de um tempo perdido, ou vivendo um sonho que mais tarde se transformaria em pesadelo.
Foram assim os últimos anos da década perdida. Dez anos que não conseguiram fazer avançar a qualidade de vida da população do Estado. Um período que maltratou a inteligência de quem tinha inteligência e exaltou a mediocridade dos medíocres.
Sei que isso vai demorar a mudar.
Só o fato de trazer dissabores para muitos daqui, o resultado não vai ser compreendido, as dificuldades de todos serão muitas.
O valor da vitória da oposição vai ser do tamanho de como a própria oposição vai interpretá-la. Se imaginar que foi uma vitória decorrente dos seus méritos, pode pegar a trilha errada; se entender que a vitória veio do demérito dos seus oponentes, também pode se enganar de rumo.
Medir a influência dos dois fatores na vitória é fazer da oportunidade que ganhou um passaporte para melhorar a auto-estima da população, de outra forma, pode encaminhar a população pra outros erros.

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