UM BALANÇO NADA
FAVORÁVEL
Rodolfo Juarez
Das situações mais difíceis é possível
tirar lições decisivas.
O mês de outubro deste ano foi
impiedoso e registrou acontecimentos que acarretaram em situações difíceis para
as famílias e para a administração pública local e ainda projeta continuar
acarretando por um bom tempo.
Além dos acontecimentos graves que,
infelizmente, já fazem parte da rotina das famílias da cidade e dos distritos,
o macapaense foi abalado por três eventos, não tão comuns, e com graves
consequências que afetaram, diretamente, o dia-a-dia das pessoas.
As 18 mortes nas águas do rio Amazonas,
ocorridos em um dia de festas, durante o Círio Fluvial de Nossa Senhora de
Nazaré, quando o barco motor Reis I naufragou com 64 pessoas a bordo; as
explosões em série que destruiu três embarcações, na região do Delta, no rio
Matapi-Mirim, e deixaram feridos e dois mortos; o incêndio que destruiu 250
casas e deixou outras sem condições de habitação, no bairro do Igarapé das Mulheres,
em Macapá, se tornaram motivos para reflexão sobre a atualidade dessa sociedade
que foi surpreendida por aqueles problemas.
Isso não pode ser colocado na lista de
acontecimentos do ano, como fatos inevitáveis e debitados na conta do acaso ou
das ocorrências acidentais.
É certo que o que aconteceu, aconteceu.
Não dá para voltar no tempo e fugir das circunstâncias que levaram ao que está
registrado – mas não foi fatalidade.
O que aconteceu precisa ser considerado
como motivo para reflexão das autoridades públicas e estas autoridades públicas
entenderem que lhes cabe esse papel. Também os que puderem colaborar, ou porque
têm prática ou porque detêm o conhecimento, também não podem deixar de
contribuir para a construção dos elementos que possam resguardar a comunidade
de novos acontecimentos como aqueles.
Reconhecer os erros, a falta de preparo
das equipes e a falta de equipamentos de combate e socorro, é o dever de cada
um. Independente do cargo que ocupe na administração e a função social que
exerça no momento.
É preciso proteger a população. É
preciso dar segurança para aqueles que confiam (não confiam) nos gestores que
escolheram para desempenhar o papel de gerente dos interesses comuns.
Ficar preocupado com a avaliação
futura, com a eleição futura, não é para esse especial momento. Deixar de
considerar aqueles acontecimentos como motivos para ação no sentido de evitar a
repetição, pode ser considerado irresponsabilidade.
Continuar cuidado daqueles que precisam
e e que são resultados dos fatos, seja nos abrigos improvisados, seja na
alimentação diária ou cuidando para que, na medida do possível, as pessoas
voltem à sua rotina, é a obrigação primária. Mas é preciso que sejam tomadas as
medidas necessárias para evitar a repetição de qualquer daqueles fatos.
Três perguntas devem ser fundamentais
àqueles que têm a obrigação de agir:
E o que eu já fiz ou estou fazendo para que sejam evitados
acontecimentos como do barco motor Reis I?
O que eu já fiz ou estou fazendo para
evitar os fatos como o do Delta, no Rio Matapi-Mirim?
Afinal o que esta se fazendo para
evitar o que aconteceu no bairro do Igarapé das Mulheres, em outras áreas de
igual risco pelas cidades amapaenses?
Até agora nenhum anúncio de
modificação, nenhuma notícia de melhoria, nada que tenha a ver com a prevenção.
Muito embora todos saibam que precisa
ser evitado, a qualquer custo, o repetido comportamento de “deixar como está
para ver como é que fica”.
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