Apesar do Estado
do Amapá ser o penúltimo da Região a receber a Amazontech não há qualquer
vantagem nisso. Tudo vai ser novidade. Até mesmo as tecnologias testadas e que
não deram certo não são do conhecimento da comunidade científica local.
E tem explicação
para isso.
Nem o Sebrae no
Amapá e nem o Governo do Estado entenderam que massificar o conhecimento nos
eventos anteriores era necessário. Por aqui prevalecia o conhecimento hibernado
na cabeça de poucos e como instrumento de “crescimento pessoal”, como se isso
fosse possível, ao invés de disseminá-los entre os agentes produtivos,
principalmente aqueles que, por aqui, também experimentavam as mesmas técnicas.
Por isso, chega
agora como novidade.
E vai precisar
de muita explicação para garantir que esse conhecimento não irá permanecer de
forma integral, com os seus detentores atuais.
Um evento como
esse necessitava de uma agenda mais longa, com precursores apresentando a
importância e convencendo os profissionais de que se traga realmente de um encontro científico aplicado, onde os
agentes financiadores devem estar motivados para prestar a atenção naquilo que
pode servir de resultado.
A ausência do
ambiente científico do Estado vai ter as suas conseqüências agora. Esse seria o
momento para fechamento de projetos, definição de estratégias de
desenvolvimento e, principalmente, de criar condições para que houvesse, de
fato, o fortalecimento da pesquisa aplicada local.
Entender a
pesquisa aplicada como uma consequência da pesquisa pura é absolutamente
necessário.
Os organizadores
não podem se conformar com as exceções, como a Embrapa, por exemplo, precisam
se convencer que as tecnologias, principalmente as que aproveitam os insumos
regionais, estão por se tornar economicamente viáveis.
Um estado com
reduzido orçamento para desenvolvimento tecnológico não pode esperar resultados
espetaculares, tem que se conformar com as pequenas conquistas, pois, afinal de
contas, investe muito pouco, sob o argumento de dispor de um orçamento que não
permite “botar dinheiro fora”.
O conceito que
se tem de “botar dinheiro fora” não vale para a pesquisa científica. Os
cientistas que trabalham nesse setor da sociedade precisam estar
constantemente, acompanhando tudo o que está acontecendo ao seu redor. Acontece
que, em alguns casos, esse “ao seu redor” é do tamanho do Planeta. Mas isso
pouco importa. O conhecimento sim é o que importa.
O Sebrae tem
muita culpa nisso. Responsável pelo leme do projeto, não tem conseguido socializar
os resultados, a não ser entre alguns dos seus privilegiados técnicos, sob o
argumento que os parceiros deveriam fazer a socialização dos resultados e o
conhecimento das descobertas alcançadas.
Amazontech não é
uma festa de congraçamento.
Mesmo assim a
magnitude a proposta, para ser justificada, precisa de “oba, oba” para que as
fotografias saiam cheias de gente e as notícias se concentrem no número de
visitantes, mesmo que esses visitantes imaginem que se encontram em uma
exposição de semana científica do seu colégio.
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