sábado, 10 de novembro de 2012

Amazontech: precisa de "oba, oba"

Rodolfo Juarez
Apesar do Estado do Amapá ser o penúltimo da Região a receber a Amazontech não há qualquer vantagem nisso. Tudo vai ser novidade. Até mesmo as tecnologias testadas e que não deram certo não são do conhecimento da comunidade científica local.
E tem explicação para isso.
Nem o Sebrae no Amapá e nem o Governo do Estado entenderam que massificar o conhecimento nos eventos anteriores era necessário. Por aqui prevalecia o conhecimento hibernado na cabeça de poucos e como instrumento de “crescimento pessoal”, como se isso fosse possível, ao invés de disseminá-los entre os agentes produtivos, principalmente aqueles que, por aqui, também experimentavam as mesmas técnicas.
Por isso, chega agora como novidade.
E vai precisar de muita explicação para garantir que esse conhecimento não irá permanecer de forma integral, com os seus detentores atuais.
Um evento como esse necessitava de uma agenda mais longa, com precursores apresentando a importância e convencendo os profissionais de que se traga realmente de  um encontro científico aplicado, onde os agentes financiadores devem estar motivados para prestar a atenção naquilo que pode servir de resultado.
A ausência do ambiente científico do Estado vai ter as suas conseqüências agora. Esse seria o momento para fechamento de projetos, definição de estratégias de desenvolvimento e, principalmente, de criar condições para que houvesse, de fato, o fortalecimento da pesquisa aplicada local.
Entender a pesquisa aplicada como uma consequência da pesquisa pura é absolutamente necessário.
Os organizadores não podem se conformar com as exceções, como a Embrapa, por exemplo, precisam se convencer que as tecnologias, principalmente as que aproveitam os insumos regionais, estão por se tornar economicamente viáveis.
Um estado com reduzido orçamento para desenvolvimento tecnológico não pode esperar resultados espetaculares, tem que se conformar com as pequenas conquistas, pois, afinal de contas, investe muito pouco, sob o argumento de dispor de um orçamento que não permite “botar dinheiro fora”.
O conceito que se tem de “botar dinheiro fora” não vale para a pesquisa científica. Os cientistas que trabalham nesse setor da sociedade precisam estar constantemente, acompanhando tudo o que está acontecendo ao seu redor. Acontece que, em alguns casos, esse “ao seu redor” é do tamanho do Planeta. Mas isso pouco importa. O conhecimento sim é o que importa.
O Sebrae tem muita culpa nisso. Responsável pelo leme do projeto, não tem conseguido socializar os resultados, a não ser entre alguns dos seus privilegiados técnicos, sob o argumento que os parceiros deveriam fazer a socialização dos resultados e o conhecimento das descobertas alcançadas.
Amazontech não é uma festa de congraçamento.
Mesmo assim a magnitude a proposta, para ser justificada, precisa de “oba, oba” para que as fotografias saiam cheias de gente e as notícias se concentrem no número de visitantes, mesmo que esses visitantes imaginem que se encontram em uma exposição de semana científica do seu colégio.

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