sábado, 10 de novembro de 2012

Orçamento 2013: enfeitado de bandeirinhas

Rodolfo Juarez
Passam os anos, mas não passam os modelos.
Mais uma vez está estendido o cabo de guerra entre o Poder Executivo e os outros Poderes para definir o Orçamento do Estado para o próximo ano, prejudicando a discussão técnica e sobressaindo a discussão política, onde o importante, ao contrário do desejado, é esconder os detalhes dos gastos e deixar que submirjam a discussão sobre questões que não levam a lugar nenhum a não ser o da desconfiança e ao desgastes públicos das autoridades.
O trato que um poder dá ao outro não é simétrico ou correspondente à importância de cada um. Mesmo sendo todos elos de uma mesma corrente que é tão forte quanto o elo mais fraco.
Mas como encontrar esse equilíbrio se as discussões não são feitas nesse rumo?
Os dirigentes de um dos poderes acham que o orçamento do outro é grande ou pequeno, em nada adianta para a eficiência na distribuição da Receita Estimada, mesmo quando são evidentes essas distorções, seja na distribuição dos gastos por projetos que não estão na direção da missão do Poder, ou no pagamento de salários completamente desregulado da média.
E são duas as oportunidades para que esse assunto seja discutido à exaustão e mostrado ao contribuinte os motivos da dotação de um e de outro Poder; uma na discussão do Projeto de Lei das Diretrizes Orçamentárias e outra nos debates do Projeto de Lei do Orçamento Anual.
A impressão que fica é que às discussões, ou não são objetivas ou resultam de apressadas reuniões, desde que os chefes dos poderes saiam dela satisfeitos e com os seus planos de gastos atendidos.
Já correm soltas estatísticas de todos os Poderes do Estado mostrando a evolução dos orçamentos de cada um. Está clara, nesse episódio, a tentativa de fazer da imprensa o veículo para colocar a população em alerta contra este ou aquele Poder.
Na época própria das discussões nada disso foi mostrado, pelo menos em público, para que houvesse pressão popular no sentido de corrigir os defeitos que, entretanto, ninguém diz quais são e muito menos onde estão.
Colocar outra vez a discussão da Lei do Orçamento do Estado para encobrir problemas atuais importantes, como o caso da Companhia de Eletricidade do Amapá ou da situação em que se encontra a infraestrutura urbanas das principais cidades amapaenses é a repetição do desrespeito à inteligência do povo.
Mesmo assim a impressão que tem ficado a cada ano é de que a Assembleia Legislativa tem que rever os seus gastos, como também o Ministério Público e o Tribunal de Contas. Quem tem mostrado uma proposta mais equalizada com as suas necessidades é o Tribunal de Justiça.
Nesse meio está o Governo do Estado que há muito tempo, gasta mal os recursos do orçamento, tanto que não administra, de forma confiável, os setores singulares, na importância para a população, como a saúde e a educação, em constantes crises.
Ir aos detalhes nem é preciso. Eles estão no consciente e no inconsciente coletivo, em um desgraçado processo que resulta em mau atendimento àqueles que precisam de tratamento de saúde ou ter confiança na escola pública estadual.
O Projeto do Orçamento do Estado do Amapá para o ano de 2013, desde o dia 30 de setembro deste ano está na Assembleia Legislativa que, até agora, o manteve longe das discussões públicas, privilegiando as discussões particulares, das quais participam pequenos grupos, dando a impressão de que os erros de outros tempos serão repetidos agora, com o agravante de que as estruturas existentes estão precisando de recuperação e as novas, todas elas, estão atrasadas, retardando o esperado desenvolvimento do Amapá.
Pelo que se tem observado, mais uma vez, a discussão do Orçamento do Estado será “enfeitado de bandeirinhas” de diversas cores, sem que seja respeitada a cor e a voz rouca do povo nas ruas.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário