domingo, 18 de novembro de 2012

Turismo: enxugando gelo

Rodolfo Juarez
Depois da publicação do artigo “A Queda da Barraca”, ontem, dia 17 de novembro, nos jornais e nos bloggers, alguns gestores da área do turismo local insistiram comigo que esse é um fato com menos importância e sem relevância para ser destaque na imprensa e nas redes sociais.
Ouvi, com muita atenção, cada um deles e aos seus comentários e confesso que não pude me alinhar às teses por eles defendidas, principalmente na avaliação da importância do episódio, considerado por eles “isolado e sem grande importância”.
Primeiro que não se trata de um episódio isolado e, depois, porque os interlocutores que se manifestaram não tinham detalhes dos fatos a não ser pelas fotos que foram imediatamente ao fato, para as redes sociais e que mostravam pessoas que, para os mais religiosos, tiveram verdadeiro livramento.
A cena limitada ao zoom dado para a imagem mostrava a estrutura de uma barraca caída, sobre um monte de telhas de barro e no meio disso tudo, uma senhora que teve uma reação impressionante, para que as telhas pesadas não caíssem, literalmente, sobre ela e a machucasse.
Os veranistas que estavam às proximidades do local da ocorrência, para aproveitar o sol forte ou, simplesmente degustar o camarão no bafo, o peixe frito e as inúmeras derivações que constam da culinária própria do local, correram para certificação do ocorrido e, se necessário, socorrer como pudessem os prejudicados.
Essa ação voluntária dos presentes me faz retornar ao assunto devido à falta de sensibilidade para um episódio daquele tipo e daquela magnitude, demonstrada pelos agentes públicos que têm a responsabilidade de promover o turismo e fazer que ele aconteça com segurança geral e confiança nos promotores.
Ainda bem que os prejuízos das pessoas afetadas fisicamente foram considerados pequenos. Havia razão suficiente para imaginar resultados muito piores, sem qualquer exagero ou sensacionalismo, com o agravante de não haver, no momento do incidente, disponível as mínimas condições para realizar os primeiros socorros.
Guarda-vidas que estão em qualquer praia e ambulância que devem estar onde haja concentração de pessoas, por lá não estavam. Pois bem, naquele dia havia no balneário mais de dois mil visitantes.
Não estar atendo a isso é negar a prática que se aplica em qualquer outro lugar onde haja pelo menos projetos para o desenvolvimento do turismo. Preste bem a atenção: não está se exigindo médicos, enfermeiros ou a presença de outro qualquer profissional de plantão no local, mesmo parecendo que deve se tratar de uma providência lógica para a importância que precisa ser dada à Fazendinha como ponto turístico.
Percebe-se facilmente, que houve uma conscientização dos empresários do local que estão contando com garçons treinados e interessados, cozinhas higiênicas e que podem ser visitadas pelos freqüentadores e uma preocupação com o estacionamento de veículo.
Esse comportamento não veio da prática, mas sim do resultado da aplicação desses empresários que estão buscando suporte, onde podem, para melhorar o atendimento dos clientes. São treinamentos para o próprio empresário e para os seus funcionários.
Não existem grandes diferenças nos preparativos para os empresários do setor turismo e os promotores do turismo no Amapá. O entendimento da realidade está na ação prática de cada um: enquanto os empresários e os seus funcionários treinam todos os dias, os agentes públicos não treinam e imaginam que já sabem tudo depois de uma palestra teórica dada por pessoas que vêm de outra região conhecendo outras realidades, às vezes bem diversas das daqui.
Se os agentes públicos do setor turístico no Amapá continuam pensando que são os sabe-tudo do turismo local, vão continuar enxugando gelo e, pior, gastando dinheiro a toa e nem percebendo que as oportunidades estão passando.

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