domingo, 4 de novembro de 2012

Caso CEA: Sobrou para a população

Rodolfo Juarez
Depois das eleições todas as atenções se voltam para os orçamentos de 2013. O Estado e as prefeituras municipais estão com os seus projetos da Lei do Orçamento Anual na Assembléia Legislativa e nas câmaras municipais, respectivamente.
O primeiro mês destinado à análise do projeto, que normalmente é usado para as leituras regulamentares, já terminou e, pelo menos para o público externo pouco se disse sobre as peças que foram enviadas pelo governador e pelos prefeitos.
Daqui a 50 dias tudo deverá estar decidido e todos se lembram dos problemas que aconteceram no ano passado, quando o Legislativo procurando marcar posição perante o Executivo, fazia questão debater todos os detalhes, chegando até a alterar a previsão da receita para 2012, considerada subestimada pelos deputados. Ao final a lei aprovada foi vetada, os deputados derrubaram o veto e o presidente da AL foi quem promulgou a Lei do Orçamento Anual para que ela entrasse em vigor.
Desta feita os deputados permanecem atrás da moita, esperando sabe lá o que, para então decidir sobre essa que é a mais importante Lei aprovada pelos deputados.
Como assessório ou penduricalho, desta feita ao orçamento deve ficar atrelada uma autorização para que o Estado contrate, por empréstimo, pelo menos um bilhão e quatrocentos milhões, para salvar o balanço da CEA e dar-lhe condição para que seja recebida pelo seu próximo dono.
Os deputados não estarão dispostos a diminuir a sua parcela de participação no orçamento do Estado para os próximos anos e contribuir para o pagamento da dívida que os dirigentes da CEA contraíram, com completa omissão do controlador - o Governo do Estado.
Também dirão que não podem contribuir para o pagamento da dívida que ficará devido ao empréstimo que vai ser autorizado, o Ministério Público, o Tribunal de Justiça e o Tribunal de Contas. Eles vão entender que não tiveram nada com o que aconteceu com a CEA que deixa de ser “nossa” para ser apenas do Governo do Estado.
Lá, no orçamento do Governo do Estado, será sentido todo o impacto. E o Governo deixará de melhorar os serviços que tem obrigação de prestar à população, por conta da retirada de significativa quantia para atender o pagamento das parcelas do empréstimo que fará para cobrir o rombo da CEA.
Está certo isso?
E será uma conta que, pelas previsões oficiais, será de longo prazo, onde até os contribuintes amapaenses que ainda não nasceram, nascerão devendo parcelas de um empréstimo, que pagará com o seu trabalho, feito para cobrir desmandos dos dirigentes de uma empresa que vai saber, pelo histórico, que um dia teve o Estado como controlador e gestões que a tornaram a empresa maior devedora que se tem notícia no Amapá.
Os municípios de Amapá, Calçoene, Oiapoque, Mazagão e Macapá também terão tirados dos seus minguados orçamentos, parcelas menores, pois, mesmo sendo minoritários, seus gestores nem tentaram negociar as quotas pelas quais são responsáveis.
O deputado Keka Cantuária, autor da proposta que levou o assunto para uma audiência pública no dia 30 de outubro, no Plenário da Assembléia Legislativa, se antecipou a todos e chamou todos os órgãos do Estado (Tribunal de Justiça, Ministério Público, Tribunal de Contas, Governo do Estado e a Assembléia Legislativa) à assumir, conjuntamente, a responsabilidade, considerando que a população amapaense vai precisar receber explicação de todos.
O deputado Keka, consciente do que está acontecendo, pediu perdão ao povo, aos correligionários, aos filhos e aos netos, inclusive aos que ainda não nasceram pelo enorme peso que terão que carregar, sabe lá por quanto tempo.

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