CONFIANÇA PRECISA TER MÃO DUPLA
Rodolfo Juarez
Desta
feita o ano começou com a administração municipal do município de Macapá fora
de situação de emergência. Nem mesmo as costumeiras chuvas dos primeiros dias
do ano não compareceram para anunciar a chegada do seu período.
Mesmo
assim alguns problemas cuja solução é atribuição específica do município ainda
estão completamente fora de controle: é o caso da limpeza urbana.
Um ano
depois a licitação pública para selecionar a empresa qualificada para receber a
concessão do serviço ainda não foi completada, apesar de o prefeito ter
afirmado, nos últimos dias do ano que passou, durante as entrevistas que deu
nas emissoras de rádio e televisão, que todos os entraves tinham sido superados
e que, até o final de janeiro o contrato estaria sendo assinado.
Um
negócio que é considerado um dos mais lucrativos para aqueles que conseguem a
concessão, só perdendo para as concessões de linhas de transporte urbano, mas
que, por aqui, tem se transformado em um problema com grau de dificuldade que
tem deixado secretários municipais e o próprio prefeito sem resposta para as
perguntas mais simples.
O tipo
de população da cidade de Macapá, para efeitos de cálculo, produz, em média,
0,85 kg/habitantes de lixo doméstico. Como Macapá tem em torno de 380 mil
habitantes, significa dizer que são produzidas, diariamente, 323 toneladas de
lixo doméstico por dia ou quase 9.700 toneladas por mês, uma montanha de lixo
que precisa ser transportada e a ela dado o destino final adequado.
Esse é
apenas um dos problemas que se torna visível a todos, todos os dias, basta sair
pela cidade, mesmo no centro, que são vistos os problemas decorrentes da coleta
parcial que é efetuada.
Basta
lembrar no ano passado, no começo da administração municipal atual, se falava
muito na coleta seletiva, no aproveitamento profissional dos resíduos. Tudo
isso foi esquecido, pois, nem mesmo as condições para a coleta sem ser
seletiva, foi realizada pela administração municipal, mesmo mantendo os gastos
e desembolsando mensalmente milhões de reais pelos serviços mal feitos.
Além
desse débito, um ano depois não foi encontrada solução prática para que fosse
retomada a construção do shopping popular, uma obra que foi anunciada várias
vezes, algumas delas pelo governo do Estado, para onde, segundo o prefeito,
voltou pois o município abriu mão da obra.
Quem
não abriu mão da promessa feita – quase jura – foram os ambulantes que estão do
lado de fora do tapume da feira da São José, exatamente na parte externa da
área onde se promete construir o shopping popular, e os que estão debaixo da
lona, no meio rua, sem condições de trabalho e cada dia mais precisando do que
foi prometido e que viria com a construção do shopping.
As
essas pendências se juntam a construção do Hospital do Câncer, na zona norte,
tantas vezes com anúncios de começo e com o mesmo tanto de frustrações para
aqueles que acreditaram; a restauração do Estádio Glicério de Souza Marques,
este virou endereço de empresa privada e garagem privada; as esburacadas e sem
meio fio e linha d’água, ruas de Macapá; e tantas outras boas iniciativas e,
até, motivo de crédito aos gestores, que por não se confirmarem deixaram de
fazer parte da linguagem e das planilhas positivas das administrações.
O esperado
ano novo chegou. Cheio de oportunidades. Com claros sinais de que pode haver
melhoria nessa relação de confiança que a população se vê obrigada a dar aos
administradores.
Resta
considerar que é uma relação de confiança que precisa ser de mão dupla e não
apenas da confiança e crédito por parte da população, com desculpas e
justificativas por parte da administração.
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