terça-feira, 14 de janeiro de 2014

De calças curtas

Rodolfo Juarez
O Estado do Amapá de vez em quando é apanhado de calças curtas, evidenciando ainda não tomou a decisão de como pretende definir um rumo para o seu desenvolvimento.
O que aconteceu na sexta-feira passada foi apenas a comprovação de que, nem em rascunho, o Estado tem uma proposta para o caminho que precisa seguir, quando as condições que espera por tanto tempo, chegarem.
E não adianta discursos sem que esse palavreado tenha sustentação em projetos reais, sustentados por regras legais pré-existentes, pois doutra forma não desperta a confiança nos investidores, uma vez que, essa etapa do desenvolvimento não pode mais ser entregue ao comércio, tem que ser por outro modo e que tenha o setor público como instrumento de apoio e não como motor, mesmo como motor auxiliar.
O capital privado que o Amapá precisa não é mais o capital aventureiro, aquele que vem para cá para arriscar o que não tem. De agora em diante, o Amapá está precisando de investidores que venham para cá arriscar o que têm. Claro que nesse cenário as decisões ficam mais difíceis para o empreendedor, que precisa de uma mínima confiança e de exemplos que, logicamente, não estão nos conceitos dos políticos.
O encontro realizado na sexta-feira e do qual participaram autoridades do Estado e empresários, não teve como pano de fundo qualquer projeto que pudesse sustentar as informações de qualquer deles. Aliás, que os empresários já sabiam que estavam ali mostrando as possibilidades, mas não teriam qualquer resposta por não ter, da parte pública, instrumentos prontos para serem mostrados aos investidores.
Basta considerar que o setor público esteve sendo representado por gestores não titulares, tanto do Governo do Estado como da Assembleia Legislativa, independentemente dos motivos que levaram a essa circunstância.
Se a reunião fosse considerado importante os titulares lá estariam para dar um tom mais equilibrado e que pudesse ser anotado em tons mais fortes pelos investidores.
Precisa acabar com esse amadorismo, não só para evitar os riscos que carregam os investidores aventureiros, como também, para apoiar as políticas públicas que podem significar desenvolvimento estadual.
Não se nota firmeza, ou mesmo conhecimento, com relação ao potencial econômico-desenvolvimentista do Estado. Os empreendedores saem das reuniões desiludidos, pois, o que o setor público tem a dizer é muito menos do que o setor privado já conhece.
O Amapá, seguramente, é uma das unidades da Federação menos preparada para discutir o seu próprio desenvolvimento, seja com interlocutores internos ou externos.
A linguagem é fraquíssima, deixando todos “sem chão”, exatamente o contrário do que precisa o investidor para iniciar um processo de desenvolvimento, seja de uma empresa, seja do local.
Enquanto isso, sem preparo, sem planos e sem rumo, as oportunidades vão sendo desperdiçadas. Os empresários que já têm a foz do maior rio do mundo para atravessar e por aqui chegar, vão preferindo deixar o seu capital aplicado em outras unidades, mais perto do centro-oeste ou do sudeste deste país que é desigual também pela falta de definição das intenções dos mandatários das pequenas e pobres unidades.

O povo, que seria o beneficiário direto com renda e emprego, bem esse não tem tido a representação que poderia ter e tudo continua adiado ou na base da formação de um grupo de trabalho, como sugeriu uma autoridade do Estado na reunião de sexta-feira.

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