Rodolfo Juarez
O
Estado do Amapá de vez em quando é apanhado de calças curtas, evidenciando
ainda não tomou a decisão de como pretende definir um rumo para o seu
desenvolvimento.
O que
aconteceu na sexta-feira passada foi apenas a comprovação de que, nem em
rascunho, o Estado tem uma proposta para o caminho que precisa seguir, quando
as condições que espera por tanto tempo, chegarem.
E não
adianta discursos sem que esse palavreado tenha sustentação em projetos reais,
sustentados por regras legais pré-existentes, pois doutra forma não desperta a
confiança nos investidores, uma vez que, essa etapa do desenvolvimento não pode
mais ser entregue ao comércio, tem que ser por outro modo e que tenha o setor
público como instrumento de apoio e não como motor, mesmo como motor auxiliar.
O
capital privado que o Amapá precisa não é mais o capital aventureiro, aquele
que vem para cá para arriscar o que não tem. De agora em diante, o Amapá está
precisando de investidores que venham para cá arriscar o que têm. Claro que
nesse cenário as decisões ficam mais difíceis para o empreendedor, que precisa
de uma mínima confiança e de exemplos que, logicamente, não estão nos conceitos
dos políticos.
O
encontro realizado na sexta-feira e do qual participaram autoridades do Estado
e empresários, não teve como pano de fundo qualquer projeto que pudesse
sustentar as informações de qualquer deles. Aliás, que os empresários já sabiam
que estavam ali mostrando as possibilidades, mas não teriam qualquer resposta
por não ter, da parte pública, instrumentos prontos para serem mostrados aos
investidores.
Basta
considerar que o setor público esteve sendo representado por gestores não
titulares, tanto do Governo do Estado como da Assembleia Legislativa,
independentemente dos motivos que levaram a essa circunstância.
Se a
reunião fosse considerado importante os titulares lá estariam para dar um tom
mais equilibrado e que pudesse ser anotado em tons mais fortes pelos
investidores.
Precisa
acabar com esse amadorismo, não só para evitar os riscos que carregam os
investidores aventureiros, como também, para apoiar as políticas públicas que
podem significar desenvolvimento estadual.
Não se
nota firmeza, ou mesmo conhecimento, com relação ao potencial econômico-desenvolvimentista
do Estado. Os empreendedores saem das reuniões desiludidos, pois, o que o setor
público tem a dizer é muito menos do que o setor privado já conhece.
O
Amapá, seguramente, é uma das unidades da Federação menos preparada para
discutir o seu próprio desenvolvimento, seja com interlocutores internos ou
externos.
A
linguagem é fraquíssima, deixando todos “sem chão”, exatamente o contrário do
que precisa o investidor para iniciar um processo de desenvolvimento, seja de
uma empresa, seja do local.
Enquanto
isso, sem preparo, sem planos e sem rumo, as oportunidades vão sendo
desperdiçadas. Os empresários que já têm a foz do maior rio do mundo para
atravessar e por aqui chegar, vão preferindo deixar o seu capital aplicado em
outras unidades, mais perto do centro-oeste ou do sudeste deste país que é
desigual também pela falta de definição das intenções dos mandatários das
pequenas e pobres unidades.
O povo,
que seria o beneficiário direto com renda e emprego, bem esse não tem tido a
representação que poderia ter e tudo continua adiado ou na base da formação de
um grupo de trabalho, como sugeriu uma autoridade do Estado na reunião de
sexta-feira.
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