segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O Enem escancara um novo problema

O ENEM ESCANCARA UM NOVO PROBLEMA
Rodolfo Juarez
Durante os primeiros dias em que foram divulgadas as notas do Enem, os estudantes amapaenses acessaram os resultados e foram se inscrevendo em cursos cada vez mais distantes daquele que tinha sonhado.
A cada nota de corte, uma nova tentativa e uma nova mudança ou, até a desistência por absoluta falta de condições de competir com os concorrentes de outros centros que tomavam conta das vagas dos principais cursos da Universidade Federal do Amapá.
O último dia das inscrições também foi um dia triste para a maioria dos estantes amapaenses que haviam participado dos dois dias de prova do Enem, mesmo para aqueles que já sabiam, antecipadamente, que teriam grandes dificuldades para competir com os concorrentes de outros estados que, reconhecidamente, está com a qualidade de ensino muito acima daquela comparada com a do Amapá.
Os indícios já vinham sendo apresentados, mesmo antes das vagas da universidade federal ser comprometida, todas elas, com o Enem, uma necessidade política do Ministério da Educação e da Presidência da República, mas um golpe nos sonhos dos estudantes das regiões mais desassistidas com a educação, como o Estado do Amapá.
Os índices ainda não foram anunciados oficialmente, mas extraoficialmente, está se prevendo que menos de 20% das vagas oferecidas na Unifap serão preenchidas por alunos que completaram o ensino médio no Amapá.
Cursos como Medicina e Direito, estes então, terão ainda muito mais estudantes de fora do Amapá do que daqui do Amapá.
Daqui a pouco estes alunos estarão chegando para conhecer a cidade, ir até a universidade, talvez levados por motoristas especialmente contratados, pois é esperado um grupo de alunos de classe média e que estão dispostos a passar os próximos quatro ou cinco anos como aluno da Unifap ou, quem sabe, até conseguirem transferência para outra universidade, mas já levando os conhecimentos para ser aplicado em suas regiões.
Esse é um problema do Enem?
Claro que não.
Esse é um problema que precisa ser enfrentado pelo sistema público de educação no ensino médio, com aproveitamento do tempo do aluno na sala de aula, recebendo o ensinamento de professores treinados.
Os resultados apurados, nacionalmente, pelo MEC para as escolas de todo o Brasil vem deixando as escolas públicas e privadas, do Amapá, em posições muito distantes das primeiras escolas no ranking das escolas em todo o Brasil.
O problema é urgente, pois, doutra forma, haveremos de amargar situações vexatórias, com os recursos destinados a educação superior no Amapá, sendo usufruídos por alunos que fizeram o ensino médio fora daqui, prejudicando todo o projeto que havia para as famílias que moram no Amapá.
Essa situação só pode ser modificada com um pacto pela educação, um pacto verdadeiro, onde a Secretaria de Estado da Educação passe a encarrar a situação com a eficiência que precisa ser encarada e os professores, mesmo continuando com sua luta, devem compreender que não haverá melhoria sem a dedicação dos professores aos alunos e ao conteúdo que precisa ser repassado aqueles alunos.
Levantamento recente, divulgado pelo próprio Ministério da Educação, indica que no Estado do Amapá é o Estado da Federação que dispõe do melhor índice de professores preparados para exercer a profissão, perdendo apenas para o Distrito Federal.
Considerar o resultado deste ano como uma indicação de que o sistema educacional local precisa melhorar, e muito, pode ser a primeira decisão propositiva a ser tomada pelo sistema de gestão na educação pública no Amapá e um indicador para que também tenha esse mesmo rumo a educação exercitada pela privada daqui.

Deixar ficar como está não é uma atitude clara de responsabilidade com o sistema local de educação!

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