O ENEM ESCANCARA UM NOVO PROBLEMA
Rodolfo Juarez
Durante
os primeiros dias em que foram divulgadas as notas do Enem, os estudantes
amapaenses acessaram os resultados e foram se inscrevendo em cursos cada vez
mais distantes daquele que tinha sonhado.
A cada
nota de corte, uma nova tentativa e uma nova mudança ou, até a desistência por
absoluta falta de condições de competir com os concorrentes de outros centros
que tomavam conta das vagas dos principais cursos da Universidade Federal do
Amapá.
O
último dia das inscrições também foi um dia triste para a maioria dos estantes
amapaenses que haviam participado dos dois dias de prova do Enem, mesmo para
aqueles que já sabiam, antecipadamente, que teriam grandes dificuldades para competir
com os concorrentes de outros estados que, reconhecidamente, está com a
qualidade de ensino muito acima daquela comparada com a do Amapá.
Os
indícios já vinham sendo apresentados, mesmo antes das vagas da universidade
federal ser comprometida, todas elas, com o Enem, uma necessidade política do
Ministério da Educação e da Presidência da República, mas um golpe nos sonhos
dos estudantes das regiões mais desassistidas com a educação, como o Estado do
Amapá.
Os
índices ainda não foram anunciados oficialmente, mas extraoficialmente, está se
prevendo que menos de 20% das vagas oferecidas na Unifap serão preenchidas por
alunos que completaram o ensino médio no Amapá.
Cursos
como Medicina e Direito, estes então, terão ainda muito mais estudantes de fora
do Amapá do que daqui do Amapá.
Daqui a
pouco estes alunos estarão chegando para conhecer a cidade, ir até a
universidade, talvez levados por motoristas especialmente contratados, pois é
esperado um grupo de alunos de classe média e que estão dispostos a passar os
próximos quatro ou cinco anos como aluno da Unifap ou, quem sabe, até
conseguirem transferência para outra universidade, mas já levando os
conhecimentos para ser aplicado em suas regiões.
Esse é
um problema do Enem?
Claro
que não.
Esse é
um problema que precisa ser enfrentado pelo sistema público de educação no
ensino médio, com aproveitamento do tempo do aluno na sala de aula, recebendo o
ensinamento de professores treinados.
Os
resultados apurados, nacionalmente, pelo MEC para as escolas de todo o Brasil
vem deixando as escolas públicas e privadas, do Amapá, em posições muito
distantes das primeiras escolas no ranking das escolas em todo o Brasil.
O
problema é urgente, pois, doutra forma, haveremos de amargar situações
vexatórias, com os recursos destinados a educação superior no Amapá, sendo
usufruídos por alunos que fizeram o ensino médio fora daqui, prejudicando todo
o projeto que havia para as famílias que moram no Amapá.
Essa
situação só pode ser modificada com um pacto pela educação, um pacto verdadeiro,
onde a Secretaria de Estado da Educação passe a encarrar a situação com a
eficiência que precisa ser encarada e os professores, mesmo continuando com sua
luta, devem compreender que não haverá melhoria sem a dedicação dos professores
aos alunos e ao conteúdo que precisa ser repassado aqueles alunos.
Levantamento
recente, divulgado pelo próprio Ministério da Educação, indica que no Estado do
Amapá é o Estado da Federação que dispõe do melhor índice de professores
preparados para exercer a profissão, perdendo apenas para o Distrito Federal.
Considerar
o resultado deste ano como uma indicação de que o sistema educacional local
precisa melhorar, e muito, pode ser a primeira decisão propositiva a ser tomada
pelo sistema de gestão na educação pública no Amapá e um indicador para que
também tenha esse mesmo rumo a educação exercitada pela privada daqui.
Deixar
ficar como está não é uma atitude clara de responsabilidade com o sistema local
de educação!
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