Rodolfo Juarez
As
recentes explosões, seguidas de incêndios com perda total de embarcações,
havidas no rio Matapimirim, no Igarapé das Pedrinhas, no Igarapé do Perpétuo
Socorro, deixando trabalhadores mortos e muitos deformados pelas queimaduras
que lhes marcaram para o resto da vida, não pode ser mais e apenas uma questão
de falta ou ausência de qualquer fiscalização.
Faltam
condições de segurança para que os embarcadiços exerçam as atividades que, se
não foram as profissões que escolheram, faram as que lhes atribuíram para
participar da corrente social com dignidade e humanidade.
São
muitos e cada vez mais, considerando o crescimento do mercado que é atendido
pelos que usam as pequenas embarcações para atravessar o rio, em forma de baia,
de lá para cá e de cá para lá.
Pequenos
motores são os auxiliares dos braços fortes dos homens que todas as marés
enfrentam o perigo da travessia, o vento forte e as ondas que o rio levanta
como dificuldade a ser vencida todas às vezes, pelas pequenas embarcações.
Os
pequenos motores são a explosão, como os dos carros - movidos à gasolina ou a
óleo diesel -, e as embarcações são equivalentes aos caminhões de carga que
circulam pela cidade e viajam pelas rodovias, de município para município.
Acontece
que os condutores e trabalhadores dos carros têm uma infraestrutura para
atender às suas necessidades, entre elas as ruas e vias estruturadas ou em
estruturação; postos de combustível preparados e os veículos têm tanques
apropriados para transportar o combustível.
E os
ribeirinhos, bravos pescadores e produtores que trabalham, em suas pequenas
embarcações, não têm esse direito?
É
possível atender às suas necessidades com as críticas que são feitas pela forma
como transportam o combustível?
É
correto culpa-los por esta situação?
Claro
que não!
Eles
não têm culpa se os gerentes sociais lhes ofereceram vasilhame inapropriado
para transportar o combustível. Se eles ficaram abandonados nas suas casas na
beira dos rios da Amazônia, sem assistência e com a falta do oferecimento do
direito que é de todos os brasileiros e não apenas daqueles que moram nas
cidades.
Os
ribeirinhos são submetidos aos altos riscos, inclusive de explosões como as
havidas naqueles locais, tombando morto ou saindo com queimaduras por todo o
corpo e vendo seu patrimônio e de suas famílias serem consumidos pelo foto,
ficando apenas com a dor e a certeza que é ele que tem que fazer tudo o que já
tinha feito; vencer tudo o que já tinha vencido.
É hora
das autoridades deixarem de ser imediatista, colocando a culpa em quem menos
tem culpa. Afinal de contas lhes restou exatamente o meio que estão usando para
atender às suas necessidades.
Ninguém
pode culpar aquele que trabalha em uma embarcação pelo que tem acontecido. Eles
não têm culpa alguma, a não ser a vontade de trabalhar para educar os filhos
que já estão nas cidades; procurar a saúde para seus familiares, que também só
tem na cidade e comprar o motor que está na loja e o combustível que está no
posto de combustível localizado de forma a aumentar a insegurança física dos
que estão por perto, inclusive os que abastecem as embarcações.
Os
ancoradouros do Igarapé das Mulheres, do Igarapé do Jandiá, do Igarapé das
Pedrinhas, do Igarapé da Fortaleza, do Igarapé do Matapimirim e todos aqueles
onde as pequenas embarcações atracam precisam ser adequados às necessidades dos
ribeirinhos.
Se não
querem respeitar o trabalho destes homens, nestas embarcações, pelo menos que
respeitem o direito à vida que lhes é garantido na Carta Magna.
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