Rodolfo Juarez
A
estrutura pública do Estado do Amapá precisa encontrar uma forma para
acompanhar os grandes projetos que estão sendo implantados no Estado, inclusive
aqueles relativos à construção de barragens e a exploração de minério.
O Amapá
é um dos principais endereços nacionais da mineração. Mesmo assim não consegue
abrigar, em sua estrutura gerencial, órgãos e conhecimento específico para
evitar os colapsos que se repetem ao longo da história e que estão deixando uma
espécie de “herança maldita”, representadas por órfãos e viúvas e por um
passivo ambiental irrecuperável.
As
notícias das multas ambientais aplicadas pelos órgãos de fiscalização
ambiental, devido o tamanho delas e ao silencia que a segue, deixam de conter
as motivações específicas, que se mostram através do respeito às regras e da
aplicação das inovações técnicas que favoreceriam a compreensão, por parte das
populações influenciadas pelos projetos.
Até
agora o que se soube não agrada e nem garante nada!
São
desastres que deixam sequelados o ambiente e as famílias. O Ambiente por causa
dos desequilíbrios a que ficam sujeitos os elementos naturais; e as famílias
que são desmontadas pela morte daqueles que tombam por causa dos desastres
decorrentes de imprevisões, força maior ou erro.
Os
desastres que representam as principais ocorrências estão atestados no
desmoronamento de um porto de embarque de minério, em Santana, e na quebra do
muro de contenção de barragem primária havida na planta de construção da Usina
Hidrelétrica de Santo Antônio, em Laranjal do Jari.
Não há
como ignorar esses fatos ou entender que foi “obra” do acaso.
Nada
disso!
Foi
erro primário e ignorância completa, derivados da concepção mal feita dos
regimes dos rios e das chuvas, em uma área onde, exatamente, os rios e as
chuvas estão presentes em maior número no mundo e com intensidades ainda não
levantadas.
Não
levar em consideração esses aspectos é uma falha grave e que não será evitada
se mantidos os projetos que usam como parâmetros dados levantados para outras
regiões, com realidades completamente diferentes e que não servem, mesmo
forçando, para atender às necessidades da Amazônia.
As
vidas vão se perdendo, as famílias se desfazendo, as autoridades lamentando,
mas não agindo, satisfazendo apenas o imediatismo da opinião pública que
precisa de respostas imediatas e que, por outro lado, não tem tratado o assunto
com a necessária cientificidade que os casos exigem.
O
Estado precisa contar com especialistas para as áreas de mineração e
aproveitamento da energia hidráulica dos rios. Doutra forma as perdas se
tornarão rotina e as providências se limitarão aos lamentos oficiais.
É
preciso ser precavido, contando com profissionais especializados que tenham
acesso aos levantamentos feitos pelas empresas, e que transformem esses dados
em bens de domínio público, para serem referência para um sistema operacional
seguro e próprio para esta região diferente.
O
desenvolvimento não é construído de cima para baixo.
O
desenvolvimento sustentável este, ainda mais, precisa de acompanhamento e,
quando possível, fiscalização, além daquela genérica, absolutamente
ineficiente, que estão sendo praticadas pelos órgãos ambientais e de
licenciamento ambiental.
Não dá
para continuar arriscando, aumentando o número de órfãos, retardando
investimentos, politizando tudo e, principalmente, deixando cada um de assumir
a responsabilidade que prometeu.
Para
que haja crescimento do Estado é preciso que haja adequação do Governo e da
Administração Pública, do contrário, o Amapá vai continuar servindo, apenas aos
oportunistas.
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