domingo, 13 de março de 2011

O PRIMEIRO EMBATE

Rodolfo Juarez
Uma polêmica muito interessante está para ser instalada no Congresso Nacional e que vai ganhar destaque nas grandes redes de televisão, segundo os princípios religiosos que cada uma dessas redes segue.
De um lado vai estar a Frente Parlamentar Evangélica, constituída de 68 deputados e deputadas federais, inclusive a deputada amapaense, Fátima Pelaes (PMDB), e 3 senadores, entre eles Magno Malta e Marcelo Crivela.
Do outro lado, vai estar o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) e a senadora Marta Suplicy (PT-SP). O deputado federal Jean Wyllys afirmou em seu discurso de estréia na Câmara Federal que, em parceria com outros sete parlamentares, já estava tratando da reestruturação da Frente Parlamentar Mista pela Cidadania GLBT (gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e transgênero) e apresentando uma proposta de emenda constitucional que assegure aos homossexuais o direito do casamento civil.
Defende que, se o estado é laico, os homossexuais têm todos os direitos garantidos, inclusive, em sua opinião, o direito ao casamento civil.
A senadora Marta Suplicy já desarquivou o projeto que criminaliza a homofobia. E o debate, que parece não ter fim, mobilizou a Câmara e o Senado logo no começo do período legislativo. O discurso de estréia do deputado Jean Wyllys foi marcado por alfinetadas na Frente Parlamentar Evangélica quando disse que o cristianismo fundamentalista que vigora no Congresso Nacional é uma ameaça ao estado democrático de direito e que apavora, por outro lado, considera que é inegável que foi o cristianismo livre de fundamentalismo que trouxe a ideia de que o que torna um homem virtuoso são seus atos.
Já o senador evangélico Magno Malta (PR-ES), membro da “Frente da Família”, e um dos líderes da bancada evangélica no Senado rebateu as propostas de Suplicy e Wyllys. Ele argumenta que se for aprovado um projeto com essas características, que um cidadão é criminoso por não aceitar a opção sexual de alguém, é como se estivesse legalizando a pedofilia, o sadomasoquismo e a bestialidade.
O senador diz que não tem dúvidas de que o projeto será arquivado. A Frente da Família também conta com a participação de parlamentares católicos, mas reconhece que é menor, em tamanho, que a frente pró-gay.
Levantamento feito na Câmara Federal já estima que os que assumem defender as propostas dos evangélicos e católicos totalizem 85, enquanto os que já se declararam favoráveis ao reconhecimento dos direitos dos homossexuais cheguem a 154.
O deputado Jean Wyllys, não esconde de ninguém que pretende colocar em discussão no Congresso Nacional a imunidade fiscal das igrejas e propor a abertura de sua contabilidade para saber o destino do dízimo.
A proposta de examinar as contas das igrejas é um contra-ataque à articulação dos deputados evangélicos para derrubar a portaria do Ministério da Fazenda que autoriza, a partir deste ano, que homossexuais com união estável façam declaração conjunta do Imposto de Renda, beneficiando-se com abatimento. Jean é o primeiro deputado que se elegeu colocando-se na campanha como representante dos homossexuais.
Levantamento até o momento dá conta de que a bancada evangélica cresceu bastante no Congresso Nacional. Deputado João Campos, Presidente da organização, foi o mais votado do PSDB em Goiás. Deputado Walter Pinheiro, (PT/BA), um dos baluartes da Frente Parlamentar Evangélica, elegeu-se Senador.

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