quinta-feira, 3 de março de 2011

SONHO SERRADO

Rodolfo Juarez
A falta de assistência do poder público aos bairros da periferia é histórica. As pessoas que lá vivem (ou sobrevivem) sentem, diretamente, esse abandono. Sem coleta do lixo urbano, sem água tratada, sem transporte coletivo, sem ruas asfaltadas, com precário sistema de energia, sem qualquer sistema de iluminação pública, com escolas distantes e os postos de saúde muito afastados.
Uma vida difícil vista por qualquer ângulo.
Essas pessoas, a maioria absoluta carente, chegam ao ponto de imaginar que não estão vivendo na cidade. Só percebem isso quando, de vez em quando, precisa ir ao centro para gastar as suas pequenas economias e fazer girar a roda do crescimento comercial ou empresarial, onde deixa, como todos os outros (ai são iguais) os valores para o recolhimento dos tributos.
Quando reclama ainda recebe respostas como a do prefeito da cidade de Manaus, que sem ter para onde manda uma das moradoras das áreas de risco daquela cidade, disse (ou desejou) simplesmente: “Então morra! Morra! Morra!”.
Por aqui, notícia desse tipo ainda não foi veiculada, entretanto, é muito provável que os gestores (colocando no bolo os secretários) já tiveram vontade de dizer a mesma coisa.
E isso tem explicação.
Há uma inversão de valores na cabeça dos gestores que insistem em querer fazer os seus gabinetes e as suas casas mais bonitas e atraentes e as casas da população mais pobres, sem quaisquer condições para se chegar e, muito menos, morar.
Agora mesmo, quando do corte do orçamento da União, a motoserra da presidente Dilma voltou-se para o Programa Minha Casa, Minha Vida que, se não dava em nada, pelo menos distribuía esperança em uma vida melhor, em uma casa melhora.
Um governo que serra o sonho dos sem teto é um governo sem sonho a ser considerado.

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