domingo, 14 de abril de 2013

Governador Camilo e o fogo amigo

Rodolfo Juarez
A cada ano que passa se confirma a regra de que o terceiro ano de um mandato é o mais difícil, de todos os demais, para os governadores de estados com até um e meio milhão de habitantes.
É um dado que tem apoio em observações político-administrativas, e em levantamentos do comportamento de gestão pública em vários níveis e variadas regiões, pouco importando se a região está entre aquelas que têm maior ou menor índice de desenvolvimento humano.
No Estado do Amapá as crises mais graves ocorreram durante esse período, no primeiro mandato dos governadores João Capiberibe e Waldez Góes. Sentido muito mais forte por Waldez do que por Capi.
Vários têm sido os acontecimentos que demonstraram claramente essa fragilidade que, dá a impressão, que não se trata de nenhuma deficiência gerencial do gestor, mas de um conjunto de fatores que freiam violentamente a administração, provocando um impactante stress no mandatário que fica sem entender o que está acontecendo.
Se esta fase bem administrada e sustentada por decisões arrojadas e por isso arriscadas, o governador entra em um estágio de bons resultados e se credencia a ser o candidato favorito na disputa pela renovação do seu mandato.
Percebe-se que o governador Camilo vem tendo muitos problemas para avançar em áreas chaves da administração estadual. Em algumas delas, como a da saude, por exemplo, não tem conseguido identificar um auxiliar que possa levar o setor para ‘águas tranquilas’, mesmo assim tem tentado e é por isso que já assinou o 4º decreto de nomeação de diferentes secretários para a Secretaria da Saúde.
Mas também tem problemas na Educação onde também já vai para o quarto auxiliar e em outros setores que, certamente, tinha imaginado que não precisaria trocar o secretário, uma vez que havia discutido um plano para 4 e não para 2 ou menos anos.
Uma troca de comando em uma secretaria como Educação, Saúde, Infraestrutura ou Transporte é decisão de muita responsabilidade.
Como já analisamos as trocas feitas em outras secretarias, esse momento vai ser dedicado para a Secretaria de Estado de Transporte, que tem como missão principal cuidar dos interesses a população no que se refere à política dos transportes, especialmente às estradas estaduais e àqueles federais que o Estado assume voluntariamente.
É importante que se diga que o Governo do Amapá não tem tido eficácia no trabalho que executa para o Governo Federal, assumindo responsabilidades que são Denit, órgão da União responsável pela manutenção, restauração e construção e sinalização das rodovias federais, principalmente as duas BRs – a 156 e a 210.
Não consigo ver conveniência técnica ou administrativa em o Governo do Estado do Amapá tomar conta das obras das estradas federais. Está claro que essa decisão influência na eficiência que poderia haver nos cuidados com as rodovias estaduais e, até, as principais rodovias intermunicipais.
Sérgio La Roque, que ficou como secretário de transportes do GEA por dois anos, não entendeu a incumbência que recebeu do Governador e muito menos as atribuições as quis fora investido quando aceitou o decreto de nomeação e assumiu o cargo principal da Secretaria de Estado de Transporte.
Bruno Mineiro, engenheiro, chegou lá para ser secretário depois de ter passado, como deputado, dois anos na Assembléia Legislativa e, certamente não está com disposição de ficar na Secretaria além de março de 2014, quando terá que se desincompatibilizar para concorrer à reeleição ao cargo de deputado estadual.
E o que recebeu?
Recebeu um setor desarrumado, com as rodovias sem qualquer plano de contingência para enfrentar o tempo chuvoso, com as pontes de madeira, que são muitas, caindo e, pior, fazendo promessas impossíveis de serem cumpridas, como a recuperação que disse fazer na ponte do KM 21 em apenas um final de semana.
Já se forma 4 finais de semana e ainda serão ultrapassados outros e a ponte continua desafiando a paciência dos usuários.
Não é fácil e isso acaba abarrotando o cesto de desgastes do governador, que tem pouco mais de um ano para deixar de aceitar gol contra e deixar que o placar se dilate, para a alegria dos adversários.
O terceiro ano do mandato do governador Camilo vai ser mais longo do que os outros por causa do “fogo amigo”.

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