segunda-feira, 29 de abril de 2013

Força e prepotência

Rodolfo Juarez
Mais uma vez estão o sindicato dos professores e o governo do Estado esticando um cabo de guerra sem fim. E entre eles, ou ao redor deles, estão os pais de alunos e os alunos, os prejudicados dessa falta de capacidade para o entendimento que demonstram as duas partes.
Há mais de dois anos os dois grupos se engalfinham e durante todo esse tempo, dão a impressão que pouco se importam com o que estão pensando os pais de alunos e os próprios alunos.
Até mesmo o professor, quando se coloca na condição de pai, descobre que estão sendo severamente castigados por uma lide sem contorno, que desperta alguns apoiadores que, ou não compreendem o que está acontecendo ou são defensores do caos e, em regra, se alinham com a tese do quanto pior melhor.
Como se não bastasse a repercussão dos baixos índices de desempenho que são apurados para o Amapá nas provas de avaliação nacional, ordenadas pelo Ministério da Educação, quando se reconhece a medida das dificuldades por quais passa o ensino público local, ainda se convive com a possibilidade de ver essa situação piorar.
Não pode ser apenas teimosia dos dois lados.
Não pode ser desconhecimento do mal que, governo e sindicato, estão fazendo com as crianças e os jovens que confiam na rede pública de ensino. Não dá para entender a falta de consideração, dos dois lados, com os pais dos alunos, que estão vendo os seus planos de férias sucumbirem sob a arrogância de um e a impertinência de outro.
Percebe-se que as faces dos litigantes estão se enrugando devido o cansaço a que estão chegando, tratando de um assunto de extrema relevância, mas que foi transformado em régua de avaliação de força e de prepotência.
Se a equipe que comanda a educação no Amapá aposta no cansaço dos professores certamente não está respeitando os principais prejudicados e que, certamente, não são os professores; se aposta na possibilidade de pulverizar os sindicalizados e retirar a força do sindicato, pode ser um estratégia que não leve a qualquer bom resultado, mas que carrega a garantia de problemas permanentes com a categoria.
Os conflitos não são resolvidos com decisões mal tomadas.
A história está cheia de erros, é certo, mas não tem uma conquista sequer registrada na história que não tenha sido pelos acertos e pelos entendimentos.
A entrada dos deputados estaduais no cenário da disputa, da forma com aconteceu na sexta-feira passada, foi desastrosa.
Poderia ter sido obtido o mesmo resultado com a simples mudança de rumo para as negociações.
Naquele dia os deputados estaduais perderam a oportunidade de exercitar o seu principal fundamento – o debate. Por mais que seja possível uma votação instantânea, jamais essa possibilidade poderia ter sido exercitada no ambiente de uma disputa que precisa acabar.
Foi mesmo que tentar apagar fogo com gasolina.
Agora os ânimos estão exaltados, o raciocínio de um lado e do outro, está diminuído pela falta de espaço onde se precisa de uma grande área de manobra.
Um erro que pode valer mais que os acertos até agora alcançados.
Mesmo assim, basta querer consertar o que foi feito errado, começando tudo de novo, remendando o que foi rasgado e encontrado uma forma de levar para lugar público a mesa de negociação para que as crianças e os adolescentes não fiquem com o resultado ruim de uma ação impensada e desastrosa feita pelos adultos em quem tanto a sociedade daqui confiou.
Os professores ainda são os agentes que podem iniciar a recuperação de tudo o que já foi perdido até agora. O começo dessa recuperação está fora do alcance da equipe de governo e dos deputados estaduais.

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