quarta-feira, 17 de abril de 2013

Retalho Ambiental

Rodolfo Juarez
Sempre foi muito claro o cuidado que a sociedade, independente dos programas oficiais, mantinha em defesa das questões que interessavam ao meio ambiente atual e futuro, com os programas de governo, todos eles, e desde a época de território federal, sempre sendo desenvolvidos no sentido da melhoria do meio ambiente daqui.
O alto percentual de preservação ambiental de então, em todas as faces do sistema, era apenas uma consequência da exigência do senso comum que, na prática, destinava grande parte do seu esforço, para que os gestores públicos e os empreendedores privados destinassem boa parte de suas atenções e controles, para o meio ambiente local.
Todo o aparelho público, de forma automática e comprometido com os programas ambientais compensatórios, atuava no sentido de zelar, para que tudo o que fosse possível fazer para manter intacto ou adaptado às condições favoráveis à participação da comunidade, fosse feito.
As unidades públicas ambientais estavam comprometidas com o desenvolvimento local, mas muito atentas para que não houvesse prejuízos nos interesse difusos, entendido como das gerações de então e das futuras, inclusive aquela que agora está por aqui, descuidada e desinteressada.
O sentimento de preservação ambiental era verdadeiramente muito forte. As regras que orientavam as ações eram seguidas muito antes daquelas que foram estabelecidas com a Constituição de 88 e depois da nossa Carta Magna.
Obras importantíssimas passaram a ser cobradas das autoridades e uma delas era a construção do cais da orla que começava muito acima do Igarapé da Fortaleza e se estendia até o Araxá, como que orientando até onde o grande rio poderia ir deixando que a beira-rio o recepcionasse, em condições que as suas águas respeitariam o limite e não derrubassem as ribanceiras com os seus banzeiros.
Foi assim que foram feitos os contrafortes do bairro onde está a paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, do Bairro Santa Inês, do Araxá, na cidade de Macapá, e a orla Fazendinha no famoso balneário.
Foi nesse ambiente de respeito ao meio ambiente, no Amapá, que o Brasil acompanhou a Conferência Rio-92, que deixou como legado a Agenda 21, com uma lista normativa que pretendia mudar o conceito de meio ambiente no Mundo e especialmente no Brasil.
Praticamente todos os formadores de opinião, os administradores públicos e os empreendedores locais eram ativistas ambientais. Quem tentasse destruir um sitio com elementos ambientais especiais, não teria sucesso na sua empreitada.
Como exemplo tem o episódio da descoberta de 3 fontes de água natural às proximidades da Avenida Henrique Galúcio, uma das mais importantes avenidas da Macapá de então, para que a rua fosse interrompida, para que aquelas fontes fossem preservadas e, em torno delas projetada uma das mais belas praças de Macapá – a Praça Floriano Peixoto.
Foi assim, no mesmo sentido que foi feita a Praça da Bandeira, uma verdadeira obra de arte, desenha por um arquiteto local e se constituindo na primeira praça com elementos elevados que até hoje são elementos da beleza do local e que há 37 anos foi inaugurada e está, a cada dia, mais bonita.
O governador João Capiberibe, durante oito anos, fez de um programa ambiental a viga mestra do seu plano de governo – o Programa de Desenvolvimento Sustentável do Amapá, principal instrumento que consolidou a importância política que todos de sua família e do seu partido, o PSB.
O que o governador Waldez e sua equipe de governo fez, durante oito anos, foi riscar dos caminhos do Governo do Estado tudo o que fizesse qualquer referência ao PDSA, inclusive renegando, com alguns aliados, por causa disso, o zelo pelo meio ambiente local.
Agora o Amapá já se constituiu em um retalho ambiental, jogado sem proteção e sem protetores, no fundo de um cesto, desprezado por todos, sem inclusive ambientalistas, mesmo os que teriam obrigação funcional de zelar, para segurar as alças do que resta e evitar a destruição do que ainda sobrevive.

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