domingo, 9 de março de 2014

A população foi enganada

A POPULAÇÃO FOI ENGANADA
Rodolfo Juarez
O evento da vez é a Copa do Mundo de Futebol.
O que era para ser uma grande festa para todos está se transformando em um pesadelo para alguns, inclusive aqueles que têm a atribuição de regrar o comportamento da sociedade e todos os momentos, inclusive aqueles referentes ao esporte e ao lazer.
Depois das manifestações de junho do ano passado, um pouco antes e durante a Copa das Confederações, tida como um teste sócio-esportivo para verificação do interesse do povo pela competição, as autoridades brasileiras foram apanhadas de surpresa pela forma como a população reagiu quando tratou da questão.
Em tempos de completa abertura global e se tendo disponível uma grade de mecanismo de apuração de satisfação popular, inegavelmente foi uma falha imperdoável cometida pelos responsáveis em conduzir os interesses da FIFA sem ferir os interesses nacionais.
As autoridades nacionais foram surpreendidas pela reação e começaram, só a partir desse momento, buscar elementos capazes de acalmar as manifestações e, em alguns pontos, buscar mecanismos que pudessem impedir essas próprias manifestações, o que demonstrou que as autoridades, estaduais e federais, não conheciam a vontade do povo brasileiro.
A menos de três meses do evento, as autoridades buscam convencer a si mesmas e aos outros, que o país pode realizar, de forma ordeira, a competição que vai escancarar para o mundo, as condições não apenas esportivas, mas sociais, que o povo enfrenta ou desfruta no Brasil.
Para dificultar as ações dos governos ainda vieram as constatações dos atrasos nas obras, a maioria financiada com dinheiro do contribuinte, algumas com evidências de superfaturamento ou gastos exagerados para cobrir as propostas megalômanas de agentes públicos.
O tempo está passando e, em vários locais onde haverá jogos, já planejam apenas em concluir os projetos diretamente ligados à competição, sem considerar os prometidos legados, principalmente aqueles referentes ao transporte de massa nas grandes cidades e à acessibilidade urbana, de reconhecida necessidade e objeto de repetidas promessas das autoridades.
A população já percebeu que o que foi prometido não será cumprido e, pior, que a parte que vai ser cortada é aquela referente ao legado. Então, quem esperava melhoria no transporte público, já sabe que em nada vai melhorar.
O trem bala prometido, não vai sair do papel, nem mesmo se considerado for a bala referida, uma bala de gude. A única bala que está saindo é aquela dos revolveres dos bandidos e da polícia e que sempre está achando uma pessoa, homem ou mulher, adulto ou criança, para enlutar a família brasileira.
Até mesmo as leis prometidas e consideradas necessárias, estão saindo de forma distorcida, adaptada às situações, definidas pela maioria, e nunca representando a unanimidade, tão divididas estão as próprias autoridades.
Tomara que não seja, a Copa do Mundo do Brasil, um “um salve-se que puder” e que tenha resultado contrário àquele prometido, deixando mais dívidas sociais e muito mais restrições econômicas.
Até agora está sendo um teste para a decantada paciência do brasileiro, um povo que está sendo enganado e tendo como pano de fundo os acontecimentos de uma copa do mundo.

Isso, antes de qualquer coisa, é uma exploração do sentimento da população que, por demonstrar que gosta do futebol, foi enganada por aqueles que deveriam dá-la um sono tranquilo e protege-la durante esse sono.

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