A POPULAÇÃO FOI ENGANADA
Rodolfo Juarez
O
evento da vez é a Copa do Mundo de Futebol.
O que
era para ser uma grande festa para todos está se transformando em um pesadelo
para alguns, inclusive aqueles que têm a atribuição de regrar o comportamento
da sociedade e todos os momentos, inclusive aqueles referentes ao esporte e ao
lazer.
Depois
das manifestações de junho do ano passado, um pouco antes e durante a Copa das
Confederações, tida como um teste sócio-esportivo para verificação do interesse
do povo pela competição, as autoridades brasileiras foram apanhadas de surpresa
pela forma como a população reagiu quando tratou da questão.
Em
tempos de completa abertura global e se tendo disponível uma grade de mecanismo
de apuração de satisfação popular, inegavelmente foi uma falha imperdoável
cometida pelos responsáveis em conduzir os interesses da FIFA sem ferir os
interesses nacionais.
As
autoridades nacionais foram surpreendidas pela reação e começaram, só a partir
desse momento, buscar elementos capazes de acalmar as manifestações e, em
alguns pontos, buscar mecanismos que pudessem impedir essas próprias
manifestações, o que demonstrou que as autoridades, estaduais e federais, não
conheciam a vontade do povo brasileiro.
A menos
de três meses do evento, as autoridades buscam convencer a si mesmas e aos
outros, que o país pode realizar, de forma ordeira, a competição que vai
escancarar para o mundo, as condições não apenas esportivas, mas sociais, que o
povo enfrenta ou desfruta no Brasil.
Para
dificultar as ações dos governos ainda vieram as constatações dos atrasos nas
obras, a maioria financiada com dinheiro do contribuinte, algumas com
evidências de superfaturamento ou gastos exagerados para cobrir as propostas
megalômanas de agentes públicos.
O tempo
está passando e, em vários locais onde haverá jogos, já planejam apenas em
concluir os projetos diretamente ligados à competição, sem considerar os
prometidos legados, principalmente aqueles referentes ao transporte de massa
nas grandes cidades e à acessibilidade urbana, de reconhecida necessidade e
objeto de repetidas promessas das autoridades.
A
população já percebeu que o que foi prometido não será cumprido e, pior, que a
parte que vai ser cortada é aquela referente ao legado. Então, quem esperava
melhoria no transporte público, já sabe que em nada vai melhorar.
O trem
bala prometido, não vai sair do papel, nem mesmo se considerado for a bala
referida, uma bala de gude. A única bala que está saindo é aquela dos
revolveres dos bandidos e da polícia e que sempre está achando uma pessoa,
homem ou mulher, adulto ou criança, para enlutar a família brasileira.
Até
mesmo as leis prometidas e consideradas necessárias, estão saindo de forma
distorcida, adaptada às situações, definidas pela maioria, e nunca
representando a unanimidade, tão divididas estão as próprias autoridades.
Tomara
que não seja, a Copa do Mundo do Brasil, um “um salve-se que puder” e que tenha
resultado contrário àquele prometido, deixando mais dívidas sociais e muito
mais restrições econômicas.
Até
agora está sendo um teste para a decantada paciência do brasileiro, um povo que
está sendo enganado e tendo como pano de fundo os acontecimentos de uma copa do
mundo.
Isso,
antes de qualquer coisa, é uma exploração do sentimento da população que, por
demonstrar que gosta do futebol, foi enganada por aqueles que deveriam dá-la um
sono tranquilo e protege-la durante esse sono.
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