terça-feira, 4 de março de 2014

Carnaval: pontos preciosos

Rodolfo Juarez
Depois da apresentação das 10 escolas de samba filiadas à Liga Independente das Escolas de Samba do Estado do Amapá, no Sambódromo, começam as especulações sobre o resultado ou, mesmo, sobre a qualidade do resultado.
Acontece que os episódios recentes têm desacreditado a apuração dos resultados e a desconfiança ou alegação de alguns dirigentes, sobre a lisura do resultado, acaba prejudicando a credibilidade, tão necessária para todos: liga, escolas de samba, patrocinadores, brincantes e o público em geral.
As agremiações sempre entendem ter motivo para contestar os resultados e os próprios organizadores, devido a cortina de proteção que criam, sem perceber, acirram mais os ânimos para os resultados que, em regra, começam desde o núcleo que analisa o aspecto legal, sempre considerado em primeiro lugar, deixando o carnaval propriamente dito, para ser tratado em segundo plano.
Isso tem sido sensível, prejudicado o resultado do carnaval e afastado os patrocinadores que estão, na prática, restritos aqueles do setor público.
É claro que as discussões que colocam em dúvida o resultado criam obstáculos para a confiabilidade do evento e os patrocinadores que não da área pública, acabam tendo restrições, ou alegando restrições, preocupado com a vinculação de sua marca ou produto, com resultados contestáveis.
O financiamento feito com o dinheiro público, aquele vindo do Governo do Estado e da Prefeitura do Município de Macapá, não recebe o apoio da população por causa dessa falta de confiança.
No dia em que desaparecerem essas contestações certamente empresas privadas também entrarão como patrocinadores, vinculando suas marcas com o carnaval e dando melhores oportunidades aos organizadores e realizadores do evento.
É preciso buscar um meio para profissionalizar as escolas e a liga. Não dá mais para arriscar, principalmente com relação às pessoas que recebem pagamentos pela atividade laboral, aqueles que se usam a sua habilidade para ver o resultado na avenida.
Os dirigentes das escolas de samba, qualquer uma delas, em regra, enfrentam muitos problemas com relação aos contratos feitos com pessoas físicas, não só para justificar o vínculo de emprego, mas também, para elaborar o quadro de pagamentos de salários e direitos que cada um tem e que, em regra, vai parar nas varas do trabalho de Macapá.
Compreender que isso é um direito de cada trabalhador é uma obrigação das organizações carnavalescas. Apesar de a essência ser a brincadeira, o vínculo trabalhista não faz esta distinção. O que fica valendo mesmo é a obrigação do contratante.
Então é preciso ter solidez na elaboração do evento que anda tendo problemas com a credibilidade e afastando o público do Sambódromo. Este ano o público foi menor que do ano passado e o do ano passado, menor do que o do ano anterior. Isso é grave e precisa ser enfrentado.
Algumas escolas já apresentam um nível de organização superior ao da liga, o que é incoerente com a realidade das responsabilidades de um e de outro. Enquanto os dirigentes das escolas avançam na profissionalização, os dirigentes da liga tem comportamento amador e, pior, deixando longe dela o seu principal aliado – o espectador.
Para quarta-feira algumas, dia da apuração e proclamação dos resultados, defesas e alguns ataques já estão sendo elaborados e, com expectativa de razão. Pois ser penalizado administrativamente, por não cumprir tempo de exibição, antes de ser uma incoerência, é um perigo para a confiabilidade.
O desconto de décimos das escolas que não cumpriram horários ou itens de alas, apesar de ser muito interessante para o Rio de Janeiro, não quer dizer que seja interessante aqui para Macapá. E, este ano, pelo menos 6 das dez escolas têm desconto em suas pontuações o que, certamente, vai criar um ambiente desfavorável para a liga.

Não é que não puna, mas tem outras formas, igualmente eficientes, que não estendem a punição para toda a comunidade, mas penas para aqueles que são responsáveis pelo erro. 

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