Rodolfo Juarez
Não dá
para acreditar.
A
Federação Amapaense de Futebol, que tinha marcado a abertura do campeonato de
futebol profissional para o dia 15 de março, cumpriu essa parte da promessa.
Acontece
que tinha também marcado outros jogos em seguida. Mas nada, mal terminou a
partida e veio o anúncio de que uma nova partida pela competição, só depois,
sem dada definida, como se isso também não fosse o descumprimento do Estatuto
do Torcedor.
É a
primeira vez que uma competição começa e para logo depois de haver começado.
Uma disposição para brincar com os clubes que, afinal de contas, são os que
fazem a competição.
Mas
isso tem motivo?
Tem. E
são motivos locais e nacionais.
O
modelo desenhado pela Confederação e aprovado pela maioria das federações
estaduais, está levando o futebol brasileiro para um buraco que ele está com
dificuldades de sair e as únicas portas de acesso ao problema são as próprias
federações estaduais.
Essas
entidades, Confederação e federações estaduais, estão ficando com todo o
dinheiro gerado pelo esporte, através de patrocínios milionários de autarquias,
empresas públicas e governos estaduais e municipais, nem que para isso tenha
que ferrar os clubes e passar a dar em conta-gotas aos dirigentes, alguns com
vontade de ser os únicos profissionais da entidade esportiva.
No
atual modelo, as federações estaduais recebem um avantajado recurso, sob o
carimbo de “auxílio financeiro” que seria para manter a estrutura da federação
e projetar o crescimento do futebol, com os dirigentes nacionais, recebendo em
troca, o voto para as sucessivas reeleições, até que o dirigente,
principalmente o presidente, seja apanhado com a boca na botija, fazendo o que
não está no rol de suas atribuições.
Acontece
que para garantir o poder, os dirigentes das federações – a do Amapá no meio –
acabam também prestando “socorro” a alguns dirigentes que são levados a
participar de campeonatos sem qualquer lucratividade e objetivo.
As
rendas são ridículas, pois não há promoção e, até mesmo, confiança do torcedor
na competição que, não raro, apresenta-se sem objetivos.
As
categorias de base, que seria uma das motivações para uma federação como a do
Amapá, ficam relegadas e sendo realizadas como se torneios fossem sem qualquer
assistência aos atletas e com treinadores que têm apenas boa vontade de acertar
e que dizem gostar do futebol.
É por
isso que o campeonato amapaense começou, mas não começou.
O jogo,
como classificou o próprio presidente de uma das agremiações, “foi um treino
para os jogos das competições nacionais”.
Os
clubes não têm condições de participar da competição e os dirigentes da
Federação de Futebol estão desesperados, pois, na regra da Confederação
Nacional, a federação estadual tem que realizar o campeonato para poder
continuar contando com as benesses do “auxílio mensal” que é bem gordo.
Agora a
pressão da vez está sob o dinheiro público, a tal da ajuda que os dirigentes da
federação querem para fazer a competição, a mais curta possível, para depois
mandar o relatório para a CBF em troca das entradas para os jogos da Copa do
Mundo, reserva dos melhores lugares nos estádios, com tudo pago, inclusive o
deslocamento, para os dirigentes da federação e seus convidados.
Quem
paga?
Adivinhou
que disse que é o povo. E não pode reclamar.
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