terça-feira, 11 de março de 2014

Não existe Federação sem clubes

Rodolfo Juarez
Está prometido para o próximo sábado, dia 15, a abertura do Campeonato Amapaense de Futebol Profissional de 2014.
Faz tempo que tudo relativo ao futebol do Amapá é promessa, jamais um programa e muito menos um plano. Ninguém ignora a obrigação de cumprir o Estatuto do Torcedor, entretanto, cumprir essa regra, para alguns dirigentes locais, é considerado como um entrave para o desenvolvimento do futebol, inclusive, entre esses “alguns” estão dirigentes da própria Federação Amapaense de Futebol.
Apesar de todos os campeonatos, profissionais e amadores que constam do calendário da Federação estarem comprometidos, o maior reflexo é no campeonato de futebol profissional, pois, desde o nascedouro, tem objetivos claros e entre eles, o de selecionar o representante, ou os representantes, do Estado para as competições nacionais.
O campeonato de futebol profissional vem, a cada ano, perdendo o seu principal fundamento esportivo que é a disputa.
É inadmissível que, a menos de uma semana para abertura da competição, que conta com apenas 6 clubes para fazer o campeonato este ano, quatro deles não tenham confirmando se estão em condições de assumir os custos da disputa. O certo é que a fase de preparação já foi sacrificada e nem realizada foi.
Como os organizadores do campeonato podem pretender que o torcedor vá ao estádio para ver um jogo entre times que, sequer, fizeram um único treino?
Os torcedores já têm a certeza de que irão assistir jogos sem qualquer padrão técnico, entre times completamente desentrosados e sabendo das desculpas, razoáveis, que serão dadas pelos técnicos ou pelos próprios dirigentes dos respectivos clubes, de que não houve tempo para contratar os jogadores que pretendiam.
E porque não tiveram esse tempo?
A resposta, apesar de ser obvia, é o resultado dos procedimentos inapropriados que tomaram conta da administração do futebol local, faz tempo.
Os clubes vivem em dois mundos diferentes: um do profissionalismo, que define as relações de emprego entre o clube e os seus atletas, entre os clubes e os seus demais profissionais; e um amadorismo, exercido pelos dirigentes que não encontram saída no círculo vicioso, a não ser o de “deixar como está para ver como é que fica”.
As leis trabalhistas não isentam de cumprimento a instituição que estabelece relação de emprego com seus trabalhadores (jogadores, técnicos, cuidadores, médicos, etc.) e o clube é obrigado a estabelecer essa relação de emprego que tem a recompensa, pelo trabalho, pago em dinheiro. Exatamente o dinheiro que falta.
Como programar uma competição, que vai exige que o clube gaste dinheiro, sem que esse clube disponha de dinheiro?
Não há milagre!
Mas há o espaço para as promessas, para a inverdade, para a enganação e, principalmente, para a ilusão e, até, ações que possam comprometer o pouco que cada clube ou dirigente de clube tenha.
Depender, exclusivamente, de apoio de patrocinadores e do dinheiro público, aquele que é repassado pelos agentes públicos, significa comprometer o sucesso da competição, a finalidade dos recursos públicos e viciar os dirigentes que, angustiados, quando não sonham, imaginam que se trata de uma “obrigação”.
Não adianta eleger culpados.
O que precisa ser feito é uma mudança racional nos procedimentos que se adotou até agora. Doutra forma as competições continuarão definhando até serem completamente exauridas.

Também não adianta imaginar que haverá federação sem clubes ou campeonatos sem times.

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