domingo, 2 de março de 2014

O medo do final da fila

Rodolfo Juarez
Depois das apresentações das escolas de samba do Amapá para os jurados e o público que foi ao Sambódromo resta aos dirigentes, esperarem os resultados que vão saltar dos envelopes contendo as notas que foram atribuídas, pelos jurados, a cada uma das agremiações carnavalescas habilitadas à disputa.
O publico amapaense que acompanha o Carnaval tem observado certa estabilidade nas escolas de samba do Estado. Nenhuma desiste e nem outras se candidatam a entrarem nesse grupo das dez escolas que há bastante tempo disputa as notas dos jurados e a preferência dos brincantes.
Mesmo assim são reconhecidas aquelas que evoluíram nesses últimos 20 anos e aquelas que não cresceram. O dado importante a registrar é que nenhuma delas encolheu ou apresentou problemas que não pudessem ser superados.
Algumas escolas têm experimentado alguns problemas de ordem administrativa, muito mais pelo tamanho e importância que a escola ganhou, do que por incapacidade gerencial daqueles que se sempre se propõe a assumir a responsabilidade de comandar uma escola de samba, seja do Grupo Especial ou do Grupo de Acesso.
Um dos fatores que pode estar contribuindo para essa estabilidade é a manutenção da competição e a regra básica dessa competição, com a estrutura sustentada no acesso das escolas do segundo grupo e o descenso das escolas do primeiro grupo.
De vez em quando há uma proposta para que seja quebrada essa regra, mas o tempo tem mostrado para a maioria dos dirigentes que essa fórmula tem resistido a tudo e motivado a todos.
Nem mesmo o anunciado rebaixamento de uma escola de ponto chega abalar a estrutura do carnaval porque há um respeito mútuo entre as agremiações, independente da sua posição no Grupo Acesso ou no Grupo Especial, ou do arroubo de algum dirigente.
Neste ano de 2014 houve uma tentativa de mexer na regra atendendo, provavelmente, a desconfiança de dirigentes de alguma escola considera grande e que corre risco de cair, afinal até agora, as consideradas “surpresas” ainda não foram suficientes para empurrar uma escola para o final da fila.
O exemplo ocorrido em 2013, com a queda da escola Império do Povo, campeã de 2008, para o Grupo de Acesso, foi um aviso para as demais escolas que pode estar acabando a era das escolas “bate-e-volta”, ou seja, uma espécie de rodízio entre as mesmas escolas que um ano sobe e noutro cai.
Pode ser isso que esteja assustando, este ano, as escolas que estão no primeiro grupo e que, dessa forma, pretendiam assegura mais um lugar para elas, fazendo com que apenas uma escola caísse e apenas uma subisse.
Pode ser que nada disso aconteça, mas o que se deixou em evidência foi a preocupação com a queda “indesejada” de alguma das agremiações que está no primeiro grupo e que poderia estar com dificuldades ou prevendo um resultado indesejado.
Outro ponto que chama a atenção é a aproximação que os jurados deixam na pontuação. Observe-se que no carnaval de 2013, a diferença entre o 2º e o 4º lugares foi de dois décimos, e a posição final considerada, na prática, como de virtual igualdade. Estilizados, com 178,4 pontos; Boêmios, com 178,3 pontos; e Piratas da Batucada, com 178,2 pontos, foram tidos como próximos demais e que, nesse ritmo logo serão alcançados por escolas que estejam no próprio grupo, com chances reais de serem rebaixadas.
Essa regra tem dado certo porque tem sido respeitada, muito embora haja alegações contraditórias de dirigentes, com relação aos próprios jurados, que são profissionais que recebem para realizar a avaliação.
Mesmo assim os dirigentes dessas escolas já não escondem a preocupação com a explicação que terão que dar no caso de um revés que implique em mudança de grupo.

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