terça-feira, 18 de março de 2014

Interesses não coletivos

Rodolfo Juarez
Daqui a menos de 15 dias o governador do Estado vai nomear, pelo menos, três novos auxiliares de primeiro escalão: os secretários de transporte, agricultura e administração.
O retorno dos que estão assumindo aquelas três secretarias de governo se dá devido à necessidade de desincompatibilização. Os três devem reassumir o cargo de deputado estadual, para que eles possam candidatar-se a reeleição buscando a renovação do mandato.
Duas questões em uma.
A primeira refere-se ao que realmente querem os três: se cargo no Executivo ou no Legislativo. Buscam garantir um cargo no Poder Legislativo para conquistar uma função no Poder Executivo, iludindo o eleitor que os escolheu para representa-los na Assembleia Legislativa e os vê desempenando funções no Governo.
A segunda refere-se às motivações que influenciaram na decisão do próprio governador que optou por deixa-los fora da Assembleia, trazendo-os para ficarem sob as suas ordens, em uma das secretarias técnicas.
Uma delas pode ter sido por questões de necessidade, aqui o destaque é para a habilitação técnica de Bruno Mineiro que, com formação de engenheiro, estava habilitado a exercer o cargo de secretário de transporte, podendo atender as exigências das funções que o cargo encerra.
O mesmo, entretanto, por mais boa vontade que se coloque na mistura, não se pode dizer dos secretários Agnaldo Balieiro e Cristina Almeida, que apresentaram bom desempenho como políticos, mas sem carregar os conhecimentos que os colocassem prontos para discutir a política de administração e a de agricultura conforme as necessidades que o Estado nesses dois setores e que precisam de discussões e decisões técnicas importantes.
Por outro lado, a Assembleia Legislativa precisava do reforço desses três deputados para tornar densa a representação popular para ali mandada, não permitindo o enxovalhamento da Casa de Leis havido por outros órgãos, do próprio Estado, como se pode acompanhar durante boa parte de 2012 e todo o ano de 2013.
Agora os três voltam a ocupar a cadeira de deputado e ainda afirmam que têm em suas contas os ganhos eleitorais havidos quando do desempenho do cargo de secretário, esperando uma forma de resposta eleitoral devido ao serviço que prestaram e para os quais foram muito bem pago.
Para o governo os problemas podem ser até menores, mas para o Estado não.
Faltando nove meses para encerra o presente mandato e havendo a necessidade de fechar as contas públicas, o tempo é muito curto para que o substituto “arrume a casa” e a torne em condições de começar um novo período administrativo, independentemente de que fique no Palácio do Setentrião, fazendo as honras da casa e orientando as atividades do Governo.
Colocar as interesses pessoais acima dos interesses coletivos, ainda mais quando a conta é paga com dinheiro público, é um desafio às regras contidas na Constituição Federal e extremamente prejudicial ao Estado que vive um momento delicado, precisando definir o seu rumo e, principalmente, a regra que vai ter que utilizar.
É certo que a Administração permite essa manobra, mesmo assim não deixa de ser um desafio para o eleitor que vai está atento a tudo o que acontece e tem chance de rever as suas posições a cada quatro anos.
O fato é uma constatação. Reflete o pouco caso que os eleitos fazem para com os eleitores e o desrespeito pelos votos que receberam.

Muito embora seja uma solução política circunstancial, não é uma solução administrativa que interesses à população. 

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