sábado, 15 de março de 2014

Os sobreviventes

Rodolfo Juarez
Qualquer projeto, qualquer programa, qualquer plano que se alinhave nos dias de hoje precisa ter bem definidos os seus objetivos e estabelecidas as suas metas.
Nem mesmo um evento ou um registro não tem sentido se não tiver um objetivo. Não qualquer objetivo, mas pelo menos um que seja de interesse geral e que atenda a todos os que ali estarão prestando a sua cooperação voluntária ou profissional.
O futebol é um dos ativos sociais dos mais importantes quando bem usado e quando usado em favor da sociedade, da coletividade, sem querer dele tirar proveito ou utilizá-lo como meio para outros fins, mostrando-se de forma disfarçada, para a sociedade como se fosse um ato voluntário e desprendido de qualquer outra intensão que não aquela que interessa à comunidade.
Os campeonatos nacionais de futebol têm claros os seus objetivos e as suas propostas, assim como os campeonatos em outros esportes, tanto coletivos como individuais, não dispensam a estratégia, as regras e os objetivos, principalmente aqueles que tenham repercussão ampla no próprio setor e na comunidade, valorizando o esporte e mostrando a sua importância para o desenvolvimento das relações sociais e a compreensão das lutas que todos desenvolvem no dia a dia.
Não se usa o esporte para justificar nada. Nem mesmo a existência dele, pois, sozinho ele já tem suficiente densidade para se mostrar para todos.
Daqui a menos de três meses estaremos vivendo momentos que vão prender a atenção de significativa parte da sociedade – a Copa do Mundo. Todos os brasileiros, inclusive os que moram no Amapá, terão oportunidade de observar a dimensão em que é tratado esse esporte e suas organizações.
Tudo foi planejado com a antecedência que assegura ao torcedor e aos participantes, a confiança de que estará enfrentando uma competição difícil, mas que acarreta bons resultados para todos: organizações esportivas, atletas, dirigentes, imprensa, patrocinadores e mais uma série de outros bons resultados derivados da competição.
Assim é o campeonato brasileiro, os campeonatos de botão, basquetebol, voleibol, handebol, afinal, de qualquer competição que seja organizada e garanta uma conclusão onde, além de um campeão, todos os participantes ficarão satisfeitos, nem que seja simplesmente, pelo sentimento de dever cumprido.
A principal competição esportiva daqui, o campeonato amapaense de futebol, não segue essa regra.
Programado para começar hoje, os seis clubes sobreviventes vão para campo torcendo para que as coisas deem certo. Com poucas exceções, os próprios dirigentes não têm confiança na competição. E não é confiança se vai ou não ser rentável, pois essa situação já está descartada, é se terão ou não condições de chegar ao final do campeonato sem comprometer o clube.
Uma pena que seja assim!
Os seis clubes que estarão na disputa do campeonato de futebol de 2014 são sim, sobreviventes de uma desastrada proposta que os “organizadores” vêm mantendo sem qualquer compromisso com o resultado e, principalmente, com a qualidade do espetáculo.
O torcedor sabe disso e se arvora a imaginar os motivos pelos quais os organizadores da competição insistem nessa fórmula suicida, que retirou o futebol do Amapá dos bons lugares que ocupou no ranking da Amazônia e os jogadores revelados no Amapá, dos grandes clubes de futebol profissional do Brasil.

Este ano pode ser que mais dois ou três clubes desistam, não de praticar o futebol, mas de praticar desse modelo suicida que o esporte amapaense tem adotado. 

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