terça-feira, 25 de março de 2014

A solução está no problema

Rodolfo Juarez
As autoridades do Estado precisam compreender que não foi só o orçamento estadual que cresceu, mudando de importância, mas que, junto com o orçamento modificaram-se os significados do que é governar, dirigir, orientar e, principalmente, coordenar.
Parece que ai está o nó que teima em não desatar e liberar os administradores para o exercício do poder, cada um exercendo um papel, todos igualmente importantes e que da exatidão técnica não é um canal para conquista de votos na “próxima eleição” seja a eleição que for.
A administração pública precisa ser tratada de forma profissional. Não dá mais para transformar as conquistas eleitorais, principalmente para os cargos executivos, em oportunidades para ocupar e pagar bem, pessoa sem preparo e estavam fora do mercado de trabalho por sua inapetência ou por desinteresse.
Proteger aqueles que não rendem ou que não se mostram dispostos a assumir responsabilidade e apresentar resultados compatíveis com as funções que exercem, está completamente fora de moda, entre eles estão os “peritos” nas ações improdutivas e aqueles que se tornam, de forma conveniente, “puxa saco de governantes” se valendo das redes sociais para dar publicidade.
A principal consequência dessa forma de orientar a gestão pública acaba proporcionando, no exercício da gestão o sistemático desrespeito a tudo aquilo que é escrito, assinado e tornado público.
É dai que vem as falhas no cumprimento dos cronogramas, quando os agentes, ativos e passivos, aceitam ao que chamam de “regra”, sabendo que o não cumprimento dos prazos já está perfeitamente compreendido e aceito por todos.
Assim tanto os executores como os que têm a responsabilidade de acompanhar os resultados, já sabem que assinaram um documento que, mais tarde, terá valores alterados e datas modificadas, tanto com relação à situação intrínseca do documento, como em relação aos efeitos sociais que são anunciados na ocasião da assinatura.
Por que se tornou tão difícil para os executivos do setor público fazerem cumprir os prazos que são ajustados, de forma voluntária com o contratado?
Porque são repetidos os erros nas licitações públicas realizadas para atender aos órgãos das unidades executivas?
Os fornecedores, entretanto, sempre são os mesmos, não são trocados e, também, não são responsabilizados pelos erros.
O desencontro de informações se transforma em um emaranhado de culpas e desculpas que, ao final, ninguém fica sabendo quem foi o responsável pelo erro.
Afinal, se ninguém é punido, provavelmente há um novo acordo ou contrato firmado, para que a situação perdure e as dificuldades continuem.
Apesar de alguns setores ganharem evidência por causa dos gritos daqueles que precisam do serviço, o problema é geral e está entranhado em todo o sistema público e o que sobra para os gestores como elemento de justificativa, por incrível que pareça, é o cumprimento da regra, a mesma que valeu para o que se pode chamar de “primeira parte”.
O fato é que as emergências se tornaram uma constante para aqueles que querem driblar as regras e, ao contrário senso, ao invés de partirem para resolver o problema, trazendo as ações para a normalidade, buscam soluções extraordinárias ou provocam obrigações vindas do Judiciário.
A solução está no próprio problema. Não tem escolha.

Qualquer outra pretensão pode ser vista como invenção do gestor criando dificuldades com o objetivo de ganhar facilidade.

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