domingo, 30 de setembro de 2012

A desigualdade do tempo no radio e na TV

Rodolfo Juarez
Hoje é o domingo que antecede o dia da eleição.
Fazia tempo que um pleito não chegava a esse ponto tão equilibrado e isso tem a ver com os erros dos marqueteiros e com a qualidade dos programas levados ao ar pelo rádio e pela televisão no horário eleitoral gratuito.
Uma questão precisa ser ajustada pelo Tribunal Superior Eleitoral e pelo próprio sistema eleitoral brasileiro – a distribuição do tempo entre os partido.
E tudo por uma razão muito simples: o que o tempo do rádio e da televisão, no horário eleitoral gratuito, para ser distribuído entre os partidos, na eleição municipal, tem a ver com o número de deputados na Câmara Federal?
E a média é ponderada, isto é, além de depender de representação na Câmara Federal, o espaço ainda depende da quantidade de deputados naquele Poder.
Já está mais do que atestado que as questões municipais são completamente diferentes das questões nacionais e principalmente brasilienses.
O sistema previsto na legislação e adotado pelos organizadores das eleições acaba colocando os concorrentes em desigualdade gritante com relação ao tempo que dispões um e outro candidato, dependendo dos partidos que formam a coligação.
Um tema que não interessa as partidos que povoam os Plenários da Câmara e do Senado, considerando que estão levando vantagem na exposição, principalmente no vídeo, desde as inserções até as programas gratuitos.
A grande “sacada” do dirigente partidário “esperto” é fazer uma coligação para a qual sejam atraídos os partidos que têm o maior número de deputados em Brasília, muito embora esses deputados, na maioria das vezes, nem concordem com o que o candidato da coligação, da qual está participando o seu partido, esteja em “outra” ou não estejam em “nenhuma”.
Esse erro vem provocando coligações absurdas nos municípios, privilegiando dirigentes que têm o poder de intervenção, de cima para baixo e sem qualquer justificativa, nas direções organizadas dos partidos.
Além dos diretórios e das comissões municipais ficarem submetidas às direções estaduais e nacionais, às vezes sustentada apenas pelo dirigente influente, ainda ganham de presente, tempos desiguais para disputar o mesmo cargo.
E nem sempre o candidato que tem o maior tempo, porque fez uma “boa coligação”, leva vantagem por isso. As vezes se atrapalha tanto que, depois de perder a eleição, coloca a culpa até no tempo que dispunha, exatamente por ser o maior de todos.
Mas se trata e um erro claro e que tem perdurado e desafiado aqueles que estão procurando condições de equilíbrio entre os candidatos aos cargos majoritários municipais e que, também, tira o sentido de outras medidas que são usadas como referência do desequilíbrio entre os candidatos – o abuso de uso, seja de dinheiro, seja de serviço ou da máquina pública.
De pouco adianta anunciar a biometria como avanço (e é um avanço) se continuar a distribuição do tempo no horário gratuito com a mesma regra, funcionando como uma âncora ou como um motor que puxa para trás todos os avanços.
E como o assunto não é explicado como os outros, por exemplo, o da ficha limpa, os eleitores perguntam a todos porque um candidato tem tempo maior que o outro se eles estão disputado o mesmo cargo, no mesmo município, com o mesmo eleitorado.
São questões que ainda precisam de reparo e rápido, para que todos tenham a mesma chance.
E o tempo maior não é certeza de que o candidato vai aproveitá-lo bem. Então porque insistir?
O mais certo é que ele acaba fazendo duas campanhas em uma: a atual, a municipal, para ver se dá certo, mas de olho em uma futura campanha em eleição regional, quem sabe concorrendo ao um cargo de deputado estadual, de deputado federal, de senador ou mesmo de governador de estado.
Atualmente a distribuição ponderada do tempo está favorecendo ao mais esperto que demonstra não se interessar pelos compromissos com o povo, pois quer mesmo é acertar o compromisso com o seu umbigo e com o seu “chegado”.

 

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