quinta-feira, 28 de março de 2013

A falta de atenção com o transporte fluvial

Rodolfo Juarez
Os gestores do dinheiro público e os parlamentares de todos os parlamentos onde representam os interesses da população amapaense estão dando a impressão que ainda não compreenderam o que está acontecendo com grande parte da população local, principalmente aquela que precisa sair de Macapá ou de Santana, para outros centros urbanos, preferindo usar o transporte fluvial.
Essa significativa parcela da população tem enfrentado grandes problemas e, em algumas oportunidades, a incompreensão das autoridades, com relação às condições que lhes são oferecidas para uso desse tipo de transporte, com características regionais e mais próximas dos costumes e da capacidade de pagamento do usuário do sistema.
Basta uma visita aos terminais de carga e passageiros que são oferecidos para os usuários do sistema de transporte fluvial para atender àqueles que preferem, por várias razões, usar esse tipo de transporte, para entender o tamanho da ausência do poder público.
Macapá e todos os demais núcleos urbanos do estado, não dispõem de ligação rodoviária com os outros centros do país o que, por si só, já recomendaria uma atenção maior para o transporte fluvial.
Além disso, a região oferece condições para a navegação fluvial com absoluta segurança, bastando para isso, dotar o sistema de regras regionais voltadas para a melhoria da segurança e do conforto dos usuários.
Os representantes do povo, principalmente aqueles que exercem os seus mandatos na Capital Federal, provavelmente por usarem constantemente o terminal de passageiros do aeroporto de Macapá, nem lembram ou pelo menos falam, das necessidades que apresentam atualmente os passageiros das embarcações fluviais que saem, também de Macapá e Santana, com o mesmo destino dos aviões que saem do Aeroporto Alberto Alcolumbre.
É claro que as condições que são oferecidas no terminal de passageiros dos aviões que saem de Macapá, ainda são bastante precárias, mas estão muito acima das condições oferecidas nos terminais de passageiros das embarcações fluviais que saem da mesma cidade.
O grande rio que torna a orla de Macapá uma das mais belas de todo o Brasil, é um grande fornecedor de prazer para aqueles que usam o sistema fluvial, mesmo funcionando em condições precárias e sem regras.
Porque não melhorar isso?
São evidentes os apelos turísticos, saltam aos olhos as preferências no uso do sistema fluvial e, mesmo assim, ainda não foi retomado o projeto que poderia transformar o transporte fluvial, a partir de Macapá e Santana, um exemplo para a Região Amazônica e para todo o Brasil.
Enquanto isso os aviões fecham as portas para os mais pobres e os remediados, muito embora os governantes locais venham aplaudindo, ao longo do tempo, os projetos nacionais de reduzir a pobreza e de dar dignidade para a população.
Como falar em dignidade por aqui, quando nem o costume da população é respeitado ou as condições lhes são oferecidas para exercer o direito de ir e vir, conforme consta da Constituição Federal.
Não tem porque as pessoas que usam, nesse momento, o sistema de transporte fluvial, não contem com um lugar seguro e confortável para aguardar a hora de embarcar nas unidades de navegação que as levará para o destino escolhido ou que precisa ir.
Apesar de não haver uma estatística oficial estima-se que, entre Macapá e Belém, durante um ano, o número de passageiros que usa o transporte fluvial é três vezes maior que os que usam o transporte aéreo. Com relação ao transporte de carga a distância é muito grande – o fluvial seria 120 vezes maior que o aéreo, medido em toneladas.
O que falta então?

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