sábado, 30 de março de 2013

O Poder es as sandálias

Rodolfo Juarez
O domingo da Páscoa, entre tantos significados, tem aquele que corresponde ao começo de um novo tempo. E por aqui, a imensa maioria espera ansiosa, que esse tempo novo chegue e que venha com força para modificar a impressão de que tudo está emperrado e travado, não dando chance para o desenvolvimento ou para que o povo volte a ter confiança nos outros e mais paciência na esperar.
Hoje poderia ser cravado o marco de um novo começo, com metas bem definidas, informações precisas além de compromissos que pudessem atrair a confiança do povo que está decepcionado com tudo o que vem acontecendo em Macapá e no Estado do Amapá.
A natureza, de vez em quando, mostra a sua força, não para que imponha o temor, mas para que todos entendam que precisam assumir os seus postos, trabalhar de forma coordenada, tendo objetivo definido e conhecido por todos.
O que aconteceu em Santana no começo da madrugada de quinta-feira, dia 28, foi mais um recado para que haja respeito pela natureza, pelas suas regras e pela sua preservação, pois, de outra maneira, ela mostra-se do tamanho que for preciso para reclamar das agressões que sofre.
Fui um fenômeno que, para aqueles que não conhecem, é surreal, inexplicável. Entretanto, para aqueles que acompanham o que está ocorrendo, já esperavam pela reação à falta da consideração, inclusive pela oportunidade que a própria natureza dá.
Outros fenômenos que não são atribuídas à natureza, também são igualmente importantes, pois têm também as suas motivações em meios tão intensos e poderosos – os meios sociais, onde as pessoas passam a ser objeto de outras pessoas, que não medindo os seus atos, acabam por encobrir-se pelo falso manto do Poder.
Não vivêssemos em um país onde os pesos e contrapesos sócio-legais fossem parte do controle social, as vontades de poucos estariam prejudicando muitos e a serviço e orientação daqueles que permanecem longe de todos - nas sombras.
As ordens de encarceramento, produção unipessoal de um magistrado, sustentadas em investigações incompletas da polícia do Estado, mancharam a história de mais dois funcionários públicos e de um advogado. O estrago só não foi maior porque vivemos em um estado de direito, onde as vontades pessoais nem sempre prevalecem.
A liberdade das pessoas conta com proteção constitucional e a quebra dessa condição é atribuída a um seleto número de agentes do Estado, que precisa se não da certeza absoluta, pelo menos de um conjunto de informações, não que convença a autoridade, mas que lhe de a certeza suficiente de que esta é a providência necessária e inquestionável.
Não foi assim no caso recente, quando os dois procuradores do Estado e um advogado tiveram a sua liberdade de ir e vir comprometida, tanto que, em menos de vinte e quatro horas, uma contra ordem demonstrou que não havia suficiente motivo para a medida extrema.
Ao invés de resolver a questão, foi criado mais um complicador para a solução do problema, que pode despertar muitos pontos no imaginário popular, alguns contraditórios e que podem deixar a população mais desconfiada ainda.
O que precisa ser feito pelo Estado do Amapá e especialmente, pela sua população, não passa necessariamente pelo governo ou pelo setor público.
Todos, mas principalmente os dirigentes públicos e os funcionários públicos em cargos de decisão, precisam exorcizar o “espírito” do Poder, calçar as sandálias da humildade, para que não se produza, em profusão, a injustiça e se garanta procedimentos na conformidade e coerência das necessidades, que são tantas e mostradas de várias formas.
Que a Paz, na sua mais singela forma, possa ser vista como meio necessário para a remodelagem de muito que se está fazendo por aqui.          

Um comentário:

  1. Muitos atribuem esses vícios do Poder à atmosfera gerada em torno daqueles o detém. Mas quem é o responsável pela criação de tal ambiente?

    Muitos dizem: "o chefe é gente fina, os puxa-saco é que atrapalham!". Como se o detentor do Poder não tivesse responsabilidade alguma por sobre seus liderados.

    Aqueles que cercam a corte estão intrinsecamente relacionados com o "rei"! olhe para a a corte e você poderá enxergar o perfil do rei!

    Somente os reis mais fracos precisam de um corte submissa, que "blinde" as ações do rei com mentiras, artimanhas, "justificativas" (as mais esfarrapadas)!

    Ver uma corte cheia de virtudes, capacidade de gerenciamento de crises, construtiva (não-destrutiva), pode revelar o centro do Poder como aquilo que convém ser na administração pública.

    Olhe para a "corte" amapaense, veja o "rei" do Amapá!

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