terça-feira, 12 de março de 2013

As viúvas do senador

Rodolfo Juarez
Não adianta querer imaginar que o desempenho dos prefeitos, em seus respectivos municípios, não afeta, diretamente o ânimo dos eleitores nas eleições gerais e regionais programadas para o ano que vem.
Também não adianta esperar dos atuais dirigentes que os assuntos tratados nada, ou quase nada, têm a ver com as eleições para governador, deputado federal, senador e deputado estadual.
Todas as questões relacionadas com a administração afetarão, de forma direta, as intenções e as expectativas daqueles que dirigem os partidos ou que pretendem disputar aqueles cargos em outubro de 2014.
O Estado do Amapá ainda não se livrou das equações que têm todas as incógnitas para definir o seu processo de desenvolvimento dependente das ações públicas.
As políticas públicas estão indefinidas, as lideranças não existem e os que são candidatos a líder não encontraram o caminho que possa determinar esse conceito.
As dificuldades por aqui são muitas e os comandos são escassos. Isso afeta diretamente a definição de liderança e liderados que, na maioria dos casos, se confunde com comandante e comandado, por haver uma quantidade muito grande de comandados que ainda busca afirmação e que precisa, por absoluta necessidade de sobrevivência, se enquadrar em exigências, algumas delas equivocadas, feitas pelo comandante.
Mesmo assim se nota que há alguns comportamentos que só são registrados porque existem janelas que dão passagem aos elementos que permitem essas ocorrências, trazendo questões que precisam ser consideradas ou, em caso contrário, podem abalar, definitivamente, a estrutura que o comandante, na qual fica em clausura, quando acha necessário.
Mesmo assim isso não quer dizer que já exista uma zona neutra ocupada. Essa zona neutra - se existe -, ou ainda está em construção, certamente está completamente desabitada, devido a estrutura que foi instalada por aqui, onde as forças invisíveis ainda são fortes e são percebidas em muitos setores, inclusive aqueles que ficam longe da cotidiano público.
Provavelmente seja por isso que os políticos elegem os seus adversários conforme a oportunidade, isto é, conforme lhe seja favorável eleitoralmente, como resultado da falta de confiança que tem em si mesmo, ou em sua estrutura política ou na sua importância política para o seu partido ou o eleitor.
Um dos exemplos mais presentes desse comportamento é a forma com o senador José Sarney é colocado nesse ambiente. Aqui no Estado, aonde pouco vem o senador e quando vem fala com poucos, são muitos os políticos, com mandato, que nega ao senador confiança ou respeito; mas, ao contrário, quando chegam em Brasília, com o mais simples dos problemas, é o primeiro que procura para ter como aliado.
Ora, isso não pode ser normal, mas é o que se tem como registro em repetidos encontros e audiências.
O próprio político que sai daqui e vai até Brasília pedir apoio do senador Sarney, depois se ocupa um bom tempo, procurando uma estratégia para explicar o que aconteceu. Às vezes prefere ficar sem explicar ou, simplesmente, entrega para o tempo diluir a sua falta de confiança em si mesmo e em seus aliados.
Bem que poderia ser diferente.
O comportamento contrário poderia servir para a construção daquela zona de sombra, que hoje não existe (e por isso não é habitada), pois vai chegar a hora que as viúvas do senador serão muito mais do que aquelas que tratam politicamente dele agora, mas sim, aquelas que são obrigadas a adotar duplo comportamento para justificar o que dizem não ser, mas que em verdade são.

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