quinta-feira, 17 de maio de 2012

CONDESCENDÊNCIA

Rodolfo Juarez
O sistema de coleta, transporte e destino final do lixo é de contínuo estudo e aprimoramento na sua execução em qualquer lugar do mundo.
Antes, é verdade, precisa haver conscientização, educação e participação da sociedade que, quando acondiciona de forma apropriada lixo, facilita tudo, dando maior velocidade na coleta, garantia no transporte e, certamente, traz facilidades para descarregar no destino final.
Então tudo começa na casa do morador.
Certo?
Errado.
Tudo começa com um procedimento definido para a educação daqueles que geram o lixo e para que esses geradores de resíduos sejam motivados a agir contributivamente, eles precisam entender o que vai acontecer em seguida e acreditar que está colaborando com o sistema.
Não temos notícias de que por aqui, já aconteceu alguma tentativa organizada de orientar os moradores e incentivá-los a agir. O que se tem visto são as crianças, acompanhando recomendações vindas pelas redes sociais, rádio e televisão, mostrar o caminho certo para os país, em uma inversão de atitudes que logo são ignoradas e por uma razão muito simples – os pais são os modelos dos filhos.
Ainda hoje é muito comum ver os condutores de veículos, adultos certamente, não tendo qualquer zelo, jogar pela janela do carro os resíduos que está produzindo naquele momento e que acha que não deve ficar dentro do carro, mas certamente, imagina que jogando na rua, alguém vai coletar, pois sabe, antecipadamente, que está agindo de forma errada.
O impacto maior é para as crianças. Elas não admitem isso... Até perceberem que os pais pouco ligam e, como são os seus “heróis”, logo passam a dar pouca importância para o assunto e as ruas vão sendo o depósito daqueles que não entenderam a necessidade de não declarar a sua ignorância no assunto.
As famílias desistiram de fazer a coleta seletiva.
E sabem por que?
Porque de nada adianta fazer separação do lixo na casa onde mora, pois, no momento em que acontece a coleta, também naquele momento é desfeito todo o trabalho de separação que eventualmente fora feito em casa.
Mais um motivo para pouco ligar e esquecer.
E a coleta?
Essa é outra atividade tão importante quanto mal feita. Nem mesmo os garis exercem as suas profissões devidamente protegidos, com as luvas e os uniformes que os defenda das agressões dos resíduos. São poucos os que têm essas chances.
Os carros de coleta, sempre sujos, ganham o apelido – antagonicamente sugestivo – de “carro da Avon”. Alguns deles deixando cair os volumes, quando não o churume, muito mais perigosos que o próprio resíduo.
E lá vão eles, os resíduos, os homens e os veículos, até o destino final, local onde devem descarregar. E quando chegam no local determinado, despejam o lixo e para cima dele vêm os carapirás – outro ramo da miséria.
Lá no destino final, as condições são, em regra, totalmente fora daquelas recomendadas pelas autoridades sanitárias. Mesmo assim o resíduo é disputado, separado, apropriado, sob os olhares da administração que, insensível, ainda considera que é uma alternativa de vida que aquelas pessoas têm.
Triste condescendência!  


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