terça-feira, 8 de maio de 2012

TATO E CONTATO

Rodolfo Juarez

Estive semana passada fazendo um passeio pelos caminhos marcados pela exposição “Antônio Munhoz em Memórias e Nuances” que vai até o dia 20 de maio, na Galeria Antônio Munhoz Lopes, no Departamento Regional do SESC Amapá.

Uma viagem inesquecível por tudo o que representa este oitentão, referencia cultural, intelectual e de conhecimento das coisas daqui e do mundo, que tem sido pequeno para as incursões do mestre que dedicou toda a sua vida aos estudos a à incrível sede de conhecimento.

Não adianta querer seguir o raciocínio do Professor que, desde as suas origens e por toda a sua vida, construiu uma obra quase perfeita – a compreensão do mundo moderno a partir do tato e do contato.

A exposição é um passeio que recupera espaços que já tinham sido arquivados na memória, nas prateleiras superiores, de difícil acesso e já guardada com proteção de fechaduras seguras e invioláveis, a não ser pela ação de esforços animados pelas lembranças do mestre.

Pois foi assim. Fiquei absolutamente embevecido pelas lembranças e com a sensação de que havia mudado para aquele tempo, começado na década de 60 e que largaram até agora os espaços para poder caber, organizadamente, nos escaninhos do cérebro reservado para as boas lembranças.

Tive a sensação de que os registros da exposição me puxavam pela mão e me colocavam dentro do próprio registro, com um sentimento especial, difícil de explicar e agradável par ficar, saboreando o prato principal elaborado com a presteza dos grandes mestres, onde se serviam os vinhos da cultura, os alimentos do saber e as sobremesas da satisfação de reconhecer o crescimento que tomava conta dos arredores do conhecimento.

Tive horas de rir sem saber do que, de chorar inexplicavelmente e de sentir os ventos e os tempos do tempo do registro.

O professor Munhoz nunca se conformou em ser apenas professor. Sempre quis ser - e conseguiu - um grande educador. Acho até que ele nem percebia a influência especial que exercia sobre cada um dos seus alunos, não só durante as aulas, mas, principalmente quando tinha oportunidade de mostra-se como orientador, discutindo pontos importantes da vida e tentando fazer-nos entender a importância de sempre estar em busca do conhecimento, estando ele no lugar que estivesse.

Garantia sempre – vale a pena busca esse conhecimento e trazê-lo não apenas registrado na memória, mas também, em documentos e fotografias que facilitavam a repartição com aqueles que precisavam preencher os espaços da memória de uma forma mais que especial.

Quadros, escritos, fotografias e registros, elementos da exposição que formam um belo conjunto moldado pelo oleiro da literatura, das obras de arte, das entranhas do saber, sempre atento para que tudo o que conquistava pudesse ficar à disposição daqueles que, a partir daquelas conquistas, poderiam compreender o quanto é importante cuidar bem da literatura e das artes, além de tudo que dá consistência ao saber.

Antônio Munhoz adotou o Amapá para ser a sua referência natural e o mundo para ser o seu sítio de pesquisa e onde teve oportunidade de revelar verdadeiros segredos que são próprios dos conquistadores.

Não é a toa que o Professor Munhoz é reconhecido como Cidadão do Mundo, mas que sempre disse que quer ser mesmo é Cidadão do Amapá, local para o qual vive e arquiva toda a sua obra e agora mostra um pouquinho para todos, nesta exposição que é um passeio cultural em um circuito que leva o seu próprio nome.


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