Os pais dos
jovens que vão aos sábados ao Shopping Macapá, ou para o cinema, ou para os
brinquedos, ou para qualquer outra diversão ou encontro naquele local, ainda
estão abalados pelos acontecimentos que culminaram com a morte de um
adolescente de 19 anos no asfalto da Rua Leopoldo Machado.
Um desfecho
assim era previsível pelo histórico que vinha sendo construído naquele trecho
da rua devido ao que se propalava à boca pequena, entre os jovens e também
entre alguns utilizadores das redes sociais, que percebiam a marcação de
encontros não muito amistosos para aquele local.
O ponto de
referência para os encontros nada amistosos escolhido pelos jovens era sempre o
mesmo – “em frente ao Shopping”.
Motivo
suficiente para que os órgãos da defesa social mantivessem-se atentos e prontos
para evitar o pior, o que acabou não sendo evitado.
Pode ser até que
alguém pergunte: mas o que eu tenho a ver com isso?
Ora, tudo!
Todos nós temos
uma parcela de responsabilidade por tudo o que acontece na cidade, seja de ruim
ou de bom, afinal de contas vivemos em sociedade e em uma sociedade
relativamente pequena e que precisa crescer segundo conceitos que afastem a
autodestruição, seja ela da forma for.
Mas, assim como
tem que não se ache responsável pelo que aconteceu, também tem aqueles que
querem saber o que poderá ser feito, pelo menos daqui em diante, para que
outros fatos como o de sábado não sejam repetidos e que seja ele, o fato,
utilizado como exemplo para outras áreas da cidade, igualmente ou mais sujeitas
a outro crime com essa mesma motivação.
Ficam os órgãos
de inteligência e, principalmente, aqueles setores responsáveis pelas
informações e identificações de áreas de risco, devendo ações preventivas, com
incursões que, se fossem em outras áreas, principalmente aquelas freqüentadas
por pessoas mais carentes, teriam sido feitas repetidas vezes.
Não será essa
falha que vai inibir o sistema de defesa social do Estado a agir em situações
semelhantes, estejam elas acontecendo agora ou, mesmo, se ainda não foram
identificas ou estejam em fase de identificação.
A realidade é
que as relações entre as pessoas mudaram e mudaram muito.
Então, parece
óbvio, que as providências para perceber essas mudanças devam estar sendo
tomadas. O sistema de defesa social não pode ignorar essas mutações e, mais,
precisa se antecipar aos fatos.
As informações
que são disponibilizadas indicam que os estudos para esses casos estão em fase
avançada e que, entretanto, a parte operacional e que vem tendo resistência de
alguns setores que preferem o tradicional e as medidas de operação padrão que,
comprovadamente, não estão surtindo o nível de eficácia esperado.
Na aula de
introdução ao conteúdo programático já fica a mensagem de que o potencial
crime, quando combatido eficazmente, muda apenas de local, mas não perde o
potencial, uma vez que toda a “inteligência do plano” está elaborada e,
conforme estabelece as regras da criminologia, precisa ser seguido,
acompanhando o deslocamento, para ver onde ele encontra campo fértil e que
possa substituir o local para onde fora originalmente preparado.
E o trecho da
Leopoldo Machado, que tem como referência o Shopping Macapá, aparentemente
continha todos os elementos exigidos para o deslocamento do local do plano.
Senão vejamos: acesso fácil, tanto pelo sistema de transporte coletivo, como
por outro tipo de veículo ou mesmo a pé; público jovem disposto a eleger os
seus “falsos heróis”; e um lugar de excelência para evasões ou fugas.
Então, se os
protagonistas decidiram mudar de “arena” era ou não provável que fosse para
aquele local onde ficou um corpo no asfalto?
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